Entidade Isolada ou Pacote Completo?
Afinal com quem nos relacionamos? Somos uma entidade isolada ou trazemos o pacote completo para uma relação?
A questão que se põe é: até que pontos os factores que nos influênciam, influênciam uma relação (amorosa – especifique-se).
Somos um planeta com muitas luas e satélites.
Será possível para quem nos queira habitar ignorar a preponderância desse facto na duração dos nossos dias, noites, anos, na quantidade de horas de luz, na temperatura média do nosso ambiente? (não me aventuro mais neste campo porque não sou grande apreciadora do estudo do que está para além de mim, e não quero dizer disparates. As estelas para mim não tem grande beleza para além da luz que vejo.)
Será possivel acreditar que existem entidades isoladas isentas, alheias às forças que as rodeiam?
Somos um planeta com muitas luas e satélites.
Poderemos ser indiferentes à lei da atracção universal (obrigada mãezinha!).
Somos uma entidade isolada ou trazemos o pacote completo para uma relação?
Apesar de todas as questões postas, para mim, não existe qualquer dúvida sobre este assunto.
Somos um todo. Feliz ou infelizmente. Para o melhor e para o pior.
Por vezes o conteúdo do pacote contribui para o que sentimos. Outras vezes é preciso empurrar muito para caber dentro desse pacote.
A paixão pela entidade isolada pode existir, mas não é sustentável nem duradoura.
Temos de gostar do todo (mesmo quando o todo não gosta de nós). Temos pelo menos que encarar a sua existência. Saber que viver nesse planeta envolve adormercer a acordar rodeado por essas luas.
Na pesada mala que carrego comigo estão muito bem arrumado um filho, o pai dele, outros homens do meu passado, um namoro de muitos anos e ilusões desfeitas. Está lá uma mãe e a morte de um pai. Estão amigas e amigos com quem sou feliz, quase irmãos. Ainda lá cabe um psicoterapeuta, uma infância feliz e um curso inacabado. Estão dívidas e tempos difíceis. Estão gritinhos histéricos de alegria e intolerância à discussão. Está o gosto pelo vinho, pela comida e pela conversa. Está o partido. Cabe ainda o cachecol do sporting e os meus diários.
São os meus satélites. O conteúdo do meu pacote.
Gostar de mim envolve gostar de tudo isto. Feliz ou infelizmente. Para o melhor e para o pior.
Gostar de mim é estar com os meus amigos. Ou ouvir-me falar do meu pai.
Gostar de mim é gostar dos meus gritinhos quando vejo o sporting. Ou apoiar-me no forúm mulher.
Gostar de mim é tomar conta do meu filho num almoço de sábado. Vestir-lhe o casaco antes de ir para a rua. Ou dar-lhe um gelado numa tarde de domingo. Ou ler-lhe uma história.
lembrei-me deste post a propósito desta declaração…
foto: Vitorino Coragem
Costumo dizer isso mesmo, quem gosta de nós tem de “aceitar” ou não, toda a nossa bagagem. E nós a do outro. Só assim, é possível algo duradouro. Mas não é fácil, porque nem sempre tudo depende do nosso querer, mas do outro ou outros também. E tal como a Catarina, eu tenho um “atrelado” grande. Um beijinho e sou alguém que a admira muito…desde sempre. É uma inspiração para mim.
Olá Catarina. Mais um texto “completo” . Que bom é ler-te.
Catarina…1 dia escreve sobre a importância da terapia na Vida das pessoas…por favor 🙂
Beijo
Neusa