Às vezes o G. diz-me “tenho saudades de Almada” (eu também).
Tenho saudades de viver em Almada (e esclareça-se que falo de Almada freguesia) porque é como viver num pequeno bairro. Há tudo à porta de casa e onde se conhece toda a gente. Sei que os cafés da rotunda central abrem às 6h30. Assim como sei que os bares do largo do antigo Tribunal fecham às 2h. O supermercado é a dois minutos. Mas que para a farmácia são apenas dez passos. E que quando levava o meu filho a pé para a escola, sorria sempre que atravessávamos o páteo onde vivi os meus primieros desgostos. Onde vivi os primeiros beijos da minha adolescência.
Sim porque a minha adolescência fez-se pelas ruas de Almada, no Relvado, no Miradouro, na Tasca do Cão, com cinema e salame na Academia e concertos na Incrível com essa técnica de dança impressionante que se chamava “andar ao biqueiro”. Eu tinha umas botas ensebadas e usava sempre as mesmas calças. Há quem seja eternamente criança, eu sinto-me eternamente adolescente. Faltam-me as miniaturas do Páscoa e as amêijoas do Lagoa Azul. Faltam-me os hambúrgueres do New Burguer, o frango d’A Pérola do Cristo Rei e a sangria do Boa Esperança. Falta-me o meu restaurante chinês preferido no Centro Comercial de Almada quando ainda não existia discoteca nem igreja na cave. E as pizza na cave do Sommer.
Se calhar este post devia ser culpa das hormonas mas prefiro chamar-lhe assim. “Tenho saudades de Almada”
Tão, tão bom ler isto, já nem tudo é assim em Almada, mas essa adolescência foi mesmo assim e eramos muitos, tínhamos o nosso mini bairro alto em Almada Velha. O New Burguer continua lá, o restaurante chinês da minha amiga Jia Jia Gwo já não, a Incrível continua Incrível e as ameijoas e os caracóis do Lagoa não falham. Obrigada, não tenho “hormonas aos saltos”, mas comovi-me. Obrigada
Já falámos sobre isto….. 🙂
Nestas tuas lembranças da adolescência em Almada falas exactamente dos mesmos sítios que eu e fico a morrer de saudades desses tempos em que éramos tão livres …
As “cadelinhas” no Lagoa Azul … tardes inteiras no Café “Barril” … palhaçadas na relva com as amigas
Não falaste dos croissants com chocolate do Centro Comercial de Almada …
Não sei se te lembras de um concerto dos Xutos num tenda de circo no sitio onde hoje em dia está o Mac Donalds????
Tanta coisa … saudades …
Foi um privilégio 🙂
e das cassetes que comprava na Feira a caminho da António [tipo a cassete pirata da banda sonora do Roque Santeiro] 🙂
Nós chamávamos a isso “ir aos ciganos” 🙂
eu também mas tive receito de usar a expressão 🙂
Lembro-me disso tudo Catarina. Aliás, até me lembro de ti 🙂
Andámos na mesma Escola Primária, tivemos amigas em comum e acho que até chegámos a brincar juntas … também nos cruzámos na Secundária.
Também me lembro desses maravilhosos croissants e há muito tempo que não ouvia falar neles 🙂 Lembro-me desse concerto dos Xutos e lembro-me ainda de uma croissanteria que houve no M.Bica, maior do que a do C.C.Almada 🙂
Que saudades!
Também eu Catarina, de nome e de Almada revejo tudo o que escreveste. Por momentos tive 14, 15 anos e revivi imagens e sabores e cheiros. Maravilhoso!!!
E a senhora que vendia pastilhas em frente à feira dos Ciganos??? Algumas eram pretas…
Obrigada pela partilha!
Excelente post Catarina
É tudo isso e muito mais.
Não esquecer os “chapeús de açucar” enrolados em papel manhoso, que eram vendidos por um velhote à porta da Antonio da Costa nos intervalos.
Muito bom post. Põe uma pessoa a recordar.