Nesta época festiva que passou, apesar das minhas limitações assumidas face ao Natal (que este ano foi em família, calmo, sem pressões desnecessárias e, como sempre, sem compras), gosto muito da passagem de ano. Quando vos digo que gosto da passagem de ano não me refiro à festa, obviamente, que pode ser uma desculpa para juntar os amigos, como qualquer outra data. Mas confesso que, à semelhança de todas as datas de comemoração “obrigatória”, não sou fã das festividades excessivas da noite em questão. Quando vos digo que gosto da passagem do ano refiro-me ao momento de balanço.
Estudei contabilidade desde o 11º ano, nunca fui grande especialista na consulta do POC (plano oficial de contabilidade) e agradeço todas as positivas aos meus colegas de escola secundária e faculdade que são ainda hoje meus grandes amigos. E, apesar da evidente falta de vocação, sempre tive uma fascínio por aqueles grandes T’s do “deve e haver”. É assim que vejo a passagem do ano: uma data em que fechamos para balanço, um enorme T para preencher e analisar.
Não muda nada entre 31 de Dezembro e 1 de Janeiro: como numa qualquer empresa os lucros e as dívidas não desaparecem e a actividade continua a ser a mesmo quando reabrem das portas depois do inventário. Na vida pessoal temos duas desvantagens: a responsabilidade nunca é limitada e temos que ser os nossos próprios contabilistas (o que dá uma trabalheira).
Confesso que sinto muito mais a sensação de “passagem” em setembro quando acabam as férias e começam as aulas, mas os últimos dias de dezembro e os primeiros dias de janeiro são outra oportunidade para pensar. E faz-nos falta ir preenchendo os T’s da vida, para agradecermos pelo que temos, para ir mudando ou, pelo menos, ir tentando mudar aquilo de que menos gostamos.
A nossa vida é feita de constantes “balanços”. Vivemos de numa sociedade de consumo onde nos é impingida constantemente a necessidade de consumir coisas novas, e para isso temos de movimentar das contas para que tudo bata certo!!! Recordo com alguma saudade o prof. Lalanda, que tanto me ensinou de Contabilidade Geral, Analítica e Calculo Financeiro.
O Pai,
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