Gostava muito de escrever sobre a prisão do Sócrates e teria algumas coisas a dizer sobre o enorme impulso económico que se tem sentido na zona do estabelecimento prisional de Évora. Mas,
além de não ter nada de agradável para considerar sobre tais
acontecimentos, há quem saiba tão mais do que eu, que prefiro deixar as
vergonhas políticas para as pessoas que sabem realmente escrever sobre
elas.
Também gostaria de lamentar que o 1º de Dezembro já não seja
feriado, não pelo dia de descanso, mas porque cresci com esta história
contada, vezes sem conta, pelo meu avô, assim em estilo de filme de
ação, de como invadiram o palácio da Duquesa de Mântua, mataram Miguel
de Vasconcelos e proclamaram D. João IV rei do reino independente de
Portugal. Guardo a memória da história, desejo outra restauração
de verdadeira independência, ligarei ao meu avô para que me conte tudo
outra vez. Daqui a uma semana teremos o 8 de Dezembro, feriado
religioso que, naturalmente, o nosso Estado laico manteve. São outras
vergonhas políticas.
Acredito, sem intenção de ter qualquer piada,
assim como o espectáculo que fui ver na noite de sábado e em que o
público era convidado a escolher profissões, que ser político deve ser
uma missão para homens e mulheres que aprenderam verdadeiras artes,
ofícios e outras ciências. Ser político não é uma profissão.
Independentemente
da forma como os políticos têm cuidado do nosso país, os portugueses
continuam a encher uma sala de espetáculos (“Um espectáculo sem graça
nenhuma”, dos Commedia a la carte, todas as datas em Lisboa esgotaram,
entre 4 e 13 de Dezembro estarão no Teatro Sá da Bandeira, Porto). Não é um privilégio de elite intelectual, são pessoas de todos os lugares, idades e também todas as profissões.
Queixam-se
os nossos políticos de que o contexto económico é imprevisível. Eu
sugeria-lhes que, antes de abraçarem a missão de tomarem decisões para
governar um país, aprendessem a arte do improviso: dizer ou fazer de
repente, sem premeditação ou sem os elementos precisos (“improvisar”, in
Dicionário Priberam da Língua Portuguesa).
Não percebi a indignação sobre o facto de terem mantido o feriado de 8 de Dezembro, feriado religioso. Catarina gosto muito de ler o seu blog, este não foi seguramente o seu melhor, atendendo que a considero ponderada, achei-a capaz de melhor do que um comentário destes! Quem me lembre a igreja também abdicou de 2 feriados religiosos, fazendo com que muitos não possam celebrar os dias que para um católico são importantes e com rituais próprios. Lamento, mas não concordo nada consigo… Felizmente o 1 de Novembro, Dia de todos os Santos foi a um sábado e permitiu que muitas famílias cumprissem os seus rituais, coisa que não podia acontecer se fosse durante a semana. Isso a si não a incomoda certamente… é pena.
O estado é laico mas as pessoas não são. Ainda bem que é capaz de respeitar a diversidade. De qualquer modo os laicos podem trabalhar os feriados religiosos que quiserem.
Maria e Miss Golden, a crítica não é – de todo – que mantenham os feriados religiosos. Falava do critério para tirarem os outros. Tenho o maior respeito por quem acredita, sejam católicos ou outras religiões.
Desculpem mas não era essa a intenção.