há muito tempo, tanto que me parece outra vida, eu fiquei órfã de pai, desprotegida mas ainda com todas as ilusões e, achando que era rica, tive um empresa e uma secretária. piadas à parte não falamos de objectos, falamos mesmo de uma pessoa para me ajudar em todas as burocracias, marcações e telefonemas. quis a vida que quando tudo correu mal, tão mal que pus tudo isso numa outra vida, tão mau que nunca me esqueço mas peço todos os dias para não me lembrar, quis a vida, dizia eu, que essa pessoa, a minha secretária, se transformasse na minha protecção. nessa outra vida, que gostava de esquecer, pensei muitas vezes em morrer [confesso-o apenas para te agradecer]. quando tudo correu mal, tão mal que pensei que não sobrevivia, a Sónia ficou ali, de pedra e cal, em cimento, como a casa do mais velho dos três porquinhos. a Sónia fingiu que era eu nos dias em que me faltaram as forças para existir. a Sónia deixou de ser a secretária de uma miúda mimada que achava que sabia de negócios para ser a amiga de uma rapariga desnorteada, cheia de medo e vergonha.
[bem vindo bebé]
[a Sónia hoje teve um menino. um sagitário com nome de anjo. e eu cá estarei para tentar agradecer tudo o que fizeste por mim. parabéns. aos três.
é só te digo miúdo, tens uma mãe do caraças.]
A amizade mais pura vê-se sempre nos momentos mais difíceis. (: E é bonito agradecermos por isso. Felicidades!