[para ti, Li, estava em dívida]

eu sei que querem que escreva sobre amor. às vezes pedem-me que escreva sobre amor. eu gostava de escrever um livro sobre amor. e só queria histórias felizes. não me interessam as histórias tristes porque essas não são histórias de amor. o amor não é sempre feliz mas se for triste é outra coisa qualquer. eu queria escrever um livro sobre amor e dedicava-o às minhas irmãs do coração, aquelas que escolhi para a vida, e pedia que todas elas encontrassem um amor exactamente como merecem, e pedia para aquelas que já encontraram o amor que o mantivessem para a vida toda. dizes que nunca escrevo o teu nome, então aqui fica: sabes Li, o amor, aquele que é mesmo amor, aquele que tu mereces, não tem nenhuma parte triste, não é mais ou menos, nem só às vezes, nem confortável, nem doloroso. o amor, esse que um dia destes te vais pegar ao colo e dizer-te o quanto és bonita, vai proteger-te, mimar-te, aceitar-te exactamente como és. esse amor, o amor a sério, vai dizer-te mil vezes o quanto te quer, rir-se da forma como danças e deliciar-se com aquilo que cozinhas. o teu amor vai levar-te a jantar fora, abrir-te a porta do carro e conduzir devagar. a tua história de amor vai dar-te festinhas ao domingo à noite, escolher filmes, tapar-te com a manta, e sair a meio da noite para te ir buscar comida. não queiras menos do que um homem que te dê isso tudo e ainda manjericos e Santo Antónios de todas as cores. sabes Li, o gajo vai ter uma quantidade imensa de defeitos, sempre menos do que tu, mas vai dar-te a mão e querer-te, todos os dias. menos do que isso, eu não deixo.