Ressaca[s]

Aqui estou eu: embevecida a olhar para o meu TFT que me soube a prenda de Natal e me deu mais qualidade de vida do que a miséria do meu aumento. Aqui estou eu: ressacada por não estar em casa. Porque em Londres sinto-me em casa. Ainda mais em casa de quem gosto [obrigada, meu mano lindo]. E aqui, para estar em casa, hei-de viver onde cheire a mar. Onde exista um relvado enorme para o meu filho correr enquanto eu leio as revistas do social. Porque os jornais ficam lidos durante a semana e descansam na secretária – que agora cresceu – até à segunda-feira seguinte. Aqui estou eu: na minha eterna luta entre a falta de capacidade para ser a mãe que quero e os problemas de consciência pela paciência que me falta. E as saudades que me sobram quando não preciso delas. Aqui estou eu: de volta aos almoços no Chiado, com uma namorada em processo anti-consumista que me rouba as gomas uns segundos antes de eu vomitar por excesso de corantes. Aqui estou eu: a conter as palavras que tenho vontade de gritar com medo que a Cinderela tenha razão. Se contarmos os sonhos eles não se realizam.

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