A extenuante tarefa de educar

Impor limites é um teste de resistência constante aos meus próprios limites. Este fim-de-semana tem sido particularmente difícil: o G. não arruma os brinquedos, só quer ver televisão e não consegue estar mais de dois minutos a brincar sozinho. Assiste-lhe o direito ao mau humor e a dias menos bons. Também os tenhos e não é por ter mais vinte e quatro anos que ele que me sinto com mais legitimidade para os ter. Mas nesta guerra da educação quando baixamos as armas uma vez o adversário passa a reconhecer para sempre as nossas fraquezas táticas. Manter um não é mais cansativo que qualquer outra merda que já fiz na vida. O cansaço é agravado pelo facto de que não tenho uma-criança-dentro-de-mim. Falta-me talento natural para algumas brincadeiras. Para quase todas, confesso. Resta-me a esperança de ser uma mãe melhor quando o G. for adolescente.

Este fim-de-semana o G. adormece com uma birra e acorda exactamente no mesmo pranto.
A minha paciência já se esgotou e consigo gerir os silêncios em substituição dos gritos desesperados que já devia ter dado.
Tenho sono. Apetece-me ir sair. Passar a tarde deitada no sofá a ver televisão ou ir para a marginal e passar horas na conversa. Apetece-me beber. E ter tempo para mim. Ressacar. O álcool e o cansaço.

Há momentos em que só me resta assumir que não tenho maturidade [conceito já tão discutido neste blog] suficiente para ser mãe.

9 comentários em “A extenuante tarefa de educar”

  1. Exma. Lady,
    Como diria Sócrates, são ossez do oficiez.
    Entretanto, se puder…, aproveite positivamente a marginal… e já agora… relativize a importância do “ressacar”; mas tenha tempo para si. E para os seus.

  2. Coincidência.
    O meu G. de 2001 faz-me sentir exactamente na mesma.
    Pensar eu que até “levava jeito”.
    O que estou a fazer mal?
    Nada. Ou faço mal,tanto quanto bem. Este é o mesmo G.:do Benfica, do “grelo”, mamã linda, capaz de deixar a “bruxa” a olhar deshoras para o seu traço colorido no papel…

  3. Exma. Lady,
    Não tem que agradecer a minha atenção.

    Ok, eu próprio Relativizo a qquestão da “ressaca” e elogio essas suas tardes de dondoquice [essas que nunca a deixaram ficar mal] na marginal.

  4. Obrigada c.

    Doce e atento Imperial, o sol da marginal nunca me deixou ficar mal. Mesmo quando abandonei a dondaca que existia na minha vida.

    A última vez que lá estive também estava sol.

  5. Lady,

    Eu sou uns “anitos” mais velha, e sinto o mesmo. Não é uma questão de maturidade, mas de cansaço do corre-corre em que se vive. É o desgaste…

  6. Nao é uma questao de maturidade…imaturidade seria desistires de ser outras coisas só porque és mae, se fosse imaturidade nao o confessavas sequer.

    As maes sao mulheres e pessoas. Que às vezes precisam de folga, como toda a gente. O que nao faz delas piores maes, nem piores pessoas, antes gente consciente, mundo de olhos e sentidos abertos…acho que deves ser uma mae excelente!

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