Choramingona

Não sou gaja de muitas lágrimas.
Mentira. Não sou gaja de muitas lágrimas visíveis.
Gosto de chorar enroscada em mim mesma. Sozinha.
Nunca chora em momentos importantes.
Naquelas alturas em que as lágrimas são justificadas, justificáveis e até bem vistas. Não choro.
Quando o meu pai morreu ninguém me viu chorar.
Olhavam-me de soslaio com ar de reprovação enquanto eu caminhava serena, amparando o corpo cansado da minha mãe.
Não choro quando me sinto pequenina perante os outros.
Choro longe dos outros.

Não obstante, desde o nascimento do meu filho, comovo-me com qualquer merda. Anúncios. Tempos de antena. Até com testemunhos no fórum da TSF.
É ver-me lacrimejar com o que leio e com as músicas que ouço.
Comovo-me quando vejo o G. brincar com os amigos na escola.
Comovo-me a passar a ponte enquanto ouço a Gal Costa, “Um dia de domingo”.
Comovo-me a ler a carta da filha do Cáceres Monteiro.

A menina querida do pai, ficou sem pai.

4 comentários em “Choramingona”

  1. Eu choro por tudo e por nada. Mas tb me “escondo”. Muitas vezes por vergonha da “insignificância” (para os outros) da coisa. E tb porque não gosto de palmadinhas nas costas.

  2. eu sou muito chorona desde que fui mãe!vezes sem conta que estou a chorar em frente ao monitor,com leio noticias menos boas nos blogs..e em outras situações do dia a dia!sou uma maria chorona!

Deixar um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *