Criticaram as palavras de Cristiano Ronaldo, divulgaram em forma de hashtag e de poemas os incentivos do jogador a João Moutinho no momento de marcar os penalties. Sem reproduzir as asneiras, Cristiano Ronaldo quis que o colega de equipa ultrapassasse o medo de falhar a grande penalidade, à semelhança do que lhe tinha acontecido num outro jogo. É verdade que o momento era decisivo. “Acredito em ti”, disse-lhe. E acrescentou: “Se perdermos que se lixe!”
Faço parte do grupo de pessoas que acredita que este é o melhor dos incentivos, que esta é melhor forma de mostrar a alguém que acreditamos que pode dar o seu melhor. É exatamente isso que eu digo ao meu filho antes de cada teste: “Estudaste, se tiveres negativa está tudo bem na mesma!” É também isso que digo às pessoas de quem gosto: “Se correr mal está tudo bem na mesma”.
Estas palavras não significam que ou esperamos, ou queremos a derrota, que não temos ambição, que não valorizamos os desafios que temos pela frente. Nada disso, antes pelo contrário! É apenas retirar o medo da derrota e deixarmos que as nossas capacidades se foquem naquilo que interessa.
Naquilo que somos, tanto a nível académico, como a nível profissional, arriscamos muito pouco, não por falta de capacidades, mas por medo de falhar. Preferimos manter um desempenho mediano do que sair da zona de conforto e tentar dar o melhor, porque o contrário de conseguir é falhar.
É isso mesmo: se perdermos que se lixe. Desculpem a comparação saudosista, mas o mais provável para cada barco que saía de Lisboa em busca de novas terras era encontrar coisa nenhuma. E regressámos tantas vezes com novos mundos. Pior ainda, desculpem mais uma vez, será comparar as palavras de Cristiano Ronaldo com aquela frase motivacional, cheia de arco íris e unicórnios, até um pouco foleira: E se cair? E se voar?
Eu acho que no momento em que fizemos daquela frase o mote deste campeonato europeu, deixámos que a seleção portuguesa trouxesse a taça. Vamos fazer isso em tudo: Se perdermos que se lixe! E se ganharmos?