(…)
a linha que separa o tipo de tarefas que desaparece e já não há as coisas da casa e as de trabalho, há as coisas da vida e estão todas dentro de um mesmo saco pesado que carrego comigo para onde quer que vá.
Depender totalmente do caminho que vou trilhando também não é pacifico, há uma sensação de impossibilidade de parar que muitas vezes é angustiante, como se houvesse uma bola de neve que rola atrás de mim enquanto corro. Sou eu que escolho a direcção em que sigo mas sei que, se abrandar o ritmo ou se parar para descansar, sou imediatamente esmagada. E há dias em que esta sensação se torna aflitiva mas noutros é muito estimulante e desafiadora. Certo é que correr acompanhado torna tudo mais fácil tal como olhar em volta e procurar na ligação com os outros a motivação necessária para continuar.
Ainda assim haverá sempre quem, confortavelmente sentado, veja a vida a passar a correr e arrisque dizer: Quem corre por gosto não cansa. Cansa pois!
Cansa sim! Porque às vezes, só às vezes, parece que a bola de neve nos vai apanhar