vivemos numa casa grande. é grande em termos absolutos e enorme em termos relativos, se comparar com as outras casas onde morei. à semelhança da casa antiga a tendência é para estarmos todos na mesma divisão, como se o único espaço que existisse fosse aquele. eu gosto assim. mas, é engraçado perceber que cada um de nós encontrou o seu esconderijo, o lugar onde queremos estar sozinhos.
eu gosto de me sentar na mesa da cozinha a olhar para o prédio cor de rosa velho com as escadas de incêndio verdes escuro em alumínio. tenho um fascínio pelo mundo paralelo que existe nas traseiras dos prédios. a cidade pode estar em rebuliço mas aqui, onde me escondo, está sempre tudo calmo. como escrevi, há muitos anos: na casa perfeita não há cansaço nem dias difíceis.
sempre acreditei que a a felicidade estava perdida nas páginas de classificados dos jornais, quando ainda existiam muitas páginas de classificados, escritos em letras muito pequeninas. eu sempre acreditei que, no meio de tantos caracteres impressos, estava um tesouro, a casa perfeita e o emprego ideal. e ficava muitas horas perdida naquele mundo. já tentei o mesmo nas páginas modernas de classificados on-line mas não tem a o mesmo efeito mas minhas expectativas. quando estou mais cansada sonho com casas perfeitas onde, na minha imaginação, só é possivel viver vidas perfeitas. na casa perfeita não há cansaço nem dias difíceis.
[post antigo e recuperado. nesta fase serena de ter encontrado a casa onde quero ficar. perdi o sítio de onde tirei as fotos mas vou procurar.]
Olá Catarina, pela primeira vez comento…, identifico-me perfeitamente com o teu fascínio pelo mundo paralelo, tanto aquele que existe nas traseiras do nosso prédio como também aquele que observo nos meus passeios a pé pela cidade.
Na faculdade, nos diversos livros sugeridos para leitura houve um que ainda hoje aleatoriamente leio um capítulo, “Os Sonhos de Einstein” de Alan Lightman.
Um beijinho, muitas felicidades.