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o negócio das pessoas felizes

Queixavam-se duas senhoras que seguem a minha conta de Instagram que estavam enjoadas de me ver feliz. Eu, que acima de tudo e qualquer coisa, agradeço a honestidade das pessoas, recordei-lhes que, por acaso, não sou sempre feliz mas as fotos em que fico melhor são aquelas em que estou, de facto, feliz.

Também a mim me “enjoam” as contas de Instagram de mulheres que são sempre bonitas, com roupa que conjuga e sem vincos, de delícias culinárias que saem sempre perfeitas, de famílias com filhos sempre sorridentes, mas são essas que vejo.

Existirão excepções, contas de Instagram com fotos de reportagens e hiper realistas, com imagens de pobreza, acidentes e cenários de guerra. Até as fotografias que são sinónimo de sofrimento serão boas imagens. Mas, no dia a dia, ninguém para para fotografar uma discussão, o momento em que está encostada num canto da casa a chorar, o écran do computador com contas em que o orçamento familiar parece não esticar, ou o bolsado dos filhos (pronto, também existirá quem registe tudo isto, mas alguém quererá ver?).

Para as pessoas normais uma rede social de imagens é feita de momentos que gostamos. Eu, por acaso, gosto bastante do homem com quem casei e ponho fotografias em que estou com ele e feliz. E cada pessoa pode seguir e apreciar imagens que lhe agradam (fará sentindo ver imagens que enjoam?).

E mais um pormenor, um blog, uma conta de Facebook, de Instagram ou do Twitter, por muito que se foque em assuntos altruístas, é sempre um exercício egocêntrico. É um diário, uma assinatura, a voz da pessoa que assina.

As redes sociais são ilusões? Claro que sim. Tudo aquilo que mostra apenas uma parte da realidade é uma ilusão. É para isso que inventaram os filtros e a edição simples de imagens (até no Facebook já existe essa opção), para que possamos escolher as cores com que ficamos melhor. É exactamente esse o negócio.

 

foto: Lia Rodrigues

13 comentários em “o negócio das pessoas felizes”

  1. Catarina, pessoas felizes atingem sempre as que não são. E principalmente aquelas que dariam tudo para ter um pouquinho da tua felicidade.
    Um beijinho Ana Tome

  2. Andreia Diamantino

    a pessoas tristes e muito invejosas …
    eu já te leio a muito tempo e olha vou ser muito sincera, eu ADORO que tu sejas tão feliz como és 🙂

    beijinho ****

  3. Fico impressionada com o facto de existirem pessoas que pensem assim e pior que têm a lata para dizer algo tão feio em “voz alta”.Enfim…
    Eu por outro lado,não acho que as redes sociais sejam um ilusão (falo das que não são fictícias). Cabe-nos a nós tirar ilações daquilo que vemos nas contas dos outros e isso sim poderá ou não corresponder à realidade,mas aquilo que colocamos é uma realidade nas nossas vidas…É verdade,um lado mais feliz,mas não deixa de ser a realidade. Eu gosto de imagens bonitas, de vidas bonitas e sei perfeitamente que todas as vidas têm o seu lado feio,mas não quer dizer que o queira acompanhar diariamente.E é por isso que só gostamos e guardamos as fotos em que estamos bonitas,em que estamos todos felizes,porque nós próprios só queremos ver o lado bom da nossa vida.

  4. É mesmo isso. As pessoas gostam de ver nas redes sociais coisas bonitas, coisas que desejam para si. Mas normalmente isso deixa-as frustradas e amargas. Muito tipicamente português. Há dias difíceis em que os filtros que tornam tudo bonito, perfeitinho e no lugar me enjoam. Mas sei que a inveja e o mal dizer de nada valem. Provavelmente seria mais feliz se tivesse algumas das coisas que vejo: um marido por quem estivesse apaixonada, filhos, cães, coisas materiais que só uma conta bem recheada permite. Mas sou feliz com o que tenho e valorizo-o. E acredito que se continuar a trabalhar para isso, também a mim (mais) coisas boas me irão acontecer. Mas nas redes sociais e quem vive delas a felicidade é mesmo um negócio. Bloggers infelizes não vendem.

  5. Estes dias escrevi um post que falava exactamente sobre isso. Mas na questão de algumas pessoas mostrarem coisas que nos dias de hoje não são possíveis e viáveis.
    No entanto as pessoas que veem vivem também essa ilusão. Achando que por trás dessa vida entre o pijama e o chinelo não existe tristeza e frustração. Só existe alegria e amor. Eu por cá tenho muitos dias de tristeza e frustração ❤️ porque assim é ter filhos. Principalmente nos dias que não dormem 😓

  6. Procuramos nas redes sociais essa ilusão, alimentamo-nos de sonhos, de alegrias e de perfeiçoes.. mas quando encontramos alguém que partilha tudo isso mas também nos mostra que nem tudo é perfeito e sobretudo que a maternidade tem momentos bem difíceis identificamo-nos e sentimos um conforto enorme por saber que não estamos sozinhas e que aquilo que vivemos é comum noutras pessoas.
    Adoro ver as tuas publicações, as felizes e divertidas, mas também as menos positivas porque a vida é feita disso mesmo. Adoro a partilha de imperfeições pois são completas de genuinidade.

  7. Na verdade a maioria do que vivemos no dia a dia é ilusão!
    Julguem o que quiserem, mas de certeza que essas mesmas pessoas que criticaram não publicam fotografias a chorar… o que também seria um tanto hipocrita, fazermo-nos de coitadas sendo uma rede social tão internacional onde podemos mostrar maioritariamente a nossa felicidade!!!
    Beijinhos, napeloundo.com

  8. Tania robalinho

    Cada vez mais gosto de ti sem te conhecer , gosto da maneira que encaras a vida , o amor ,e a volta que das aos comentários sem fundamento !!! Nunca mudes beijinhos

  9. Pingback: Mães no Instagram. 7 contas que adoramos seguir

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