O divórcio é uma liberdade. Tudo a favor, nada contra. Divorciem-se ou separem-se aqueles que não são felizes em casal, mas façam-no de forma consciente e ponderada, não desistindo à primeira dificuldade, mantendo a base do respeito e tentando sempre ser uma equipa. Divorciem-se ou separem-se aqueles que não são felizes em casal, não antes de tentarem uma ou duas vezes, e três se valer a pena. Mas que nunca fiquem juntos pelas razões erradas.
O divórcio (ou uma separação) é uma liberdade, infelizmente, condicionada pelas condições financeiras que as partes do casal têm para sobreviverem sozinhos. A limitação aumenta de forma proporcional à dimensão do agregado: é duro sustentar uma família com filhos com apenas um ordenado, é muito duro.
Num cenário de pessoas igualmente responsáveis, um divórcio duplica os custos para as duas pessoas: existem duas casas, contas para pagar em duas casas, condições para ter os filhos nas duas casas, seja para quem fica semana sim, semana não, seja para quem fica fins de semana alternados. Naturalmente, os custos são mais pesados para a parte que ficar mais tempo com os filhos.
Sou contra a “pensão de alimentos”. Considero que seria muito mais produtivo e pacífico para o pai e para a mãe se, em vez da transferência de dinheiro, da tal pensão de alimentos, pagassem os dois as despesas propriamente ditas.
Se há um ATL para pagar, um mês paga o pai, no outro paga a mãe; se há roupa para pagar, no verão vai a mãe, no inverno vai o pai; o mesmo aconteceria com a farmácia e as eventuais consultas no pediatra. Acredito que a consciência dos gastos passa pelo pagamento dos mesmos e não pela entrega de um valor que, supostamente, compensa uma das partes.
E quando uma das partes fica a sustentar os filhos sozinha? Por razões verdadeiramente válidas, como uma situação de desemprego, ou por desresponsabilização (estará essa pessoa a procurar ativamente um emprego que lhe permita sustentar os filhos que também são seus?).
O Estado permite essa liberdade condicionada que é o divórcio e, supostamente, pode substituir-se aos pais no pagamento da pensão de alimentos aos filhos, através do Fundo de Garantia de Alimentos Devidos a Menores. Mas, para isso acontecer, o rendimento do agregado em que o menor está inserido não pode ultrapassar os 419,22 euros. E eu questiono-me: como é possível sustentar uma família, sozinha (ou sozinho) com este valor?
E pergunto-me: quantas mulheres (e homens) ficam em relações onde são profundamente infelizes, em que criam filhos em péssimos ambientes, porque não o podem fazer economicamente sozinhos? E rapidamente poderíamos questionar que condições existem para que as mulheres (e também homens) que são vítimas de violência doméstica possam sair de casa. Mas isso seria tema para outra crónica.
É a realidade que temos, de facto!
Conheço um caso que está nesta situação. O casal cria um péssimo ambiente para o filho, mas não se divorciam, porque não têm forma de subsistência.
http://soprosdopensamento.blogspot.pt/
Disse tudo! Está perfeito esse post!
conheço um caso nesta situação!
Portuguese Girl with American Dreams
fromportugaltonyc.blogspot.pt
Na prática é tudo muito complicado. Tenho 3 filhos, separada e desempregada. Até agora nada recebo da segurança social e são os meus pais que me ajudam. Não é nada fácil, é desesperante mesmo, mas continuo a acreditar que devemos deixar partir quem já não nos faz bem. O resto, é um dia de cada vez.
Na verdade, eu considero-me um desses casos…
Amo o meu marido, e ele não me trai nem me bate… mas somos tão diferentes e ele não me compreende e nem se esforça para me fazer sentir feliz porque diz que sou apenas complicada. Ou seja, faz com que a culpa de as coisas não estarem a correr bem pareça ser só minha.
Nós temos uma filha pequena, e estamos a pagar um apartamento, o qual não me importo de abdicar se for necessário! Mas tenho medo que ele me retire a guarda da minha menina se for eu a sair de casa (ele nunca vai sair, sei disso).
Estou angustiada…
Que texto tão válido! Às vezes pergunto-me como é possível que duas pessoas permaneçam juntas por motivos financeiros, deve ser tão injusto para todos… Felizmente separei-me consciente de que a minha qualidade de vida iria diminuir francamente, não colocando em causa os bens essenciais para o meu filho… Mas se isso condicionasse o bem estar do meu filho, não sei até que ponto não perdia a coragem..
Infelizmente passo por essa situação, separei-me do pai da minha filha tinha ela 9 meses, fui a tribunal estabelecer a guarda, ele ficou impigido de pagar 150€ de pensão de alimentos mais metade de todas as despesas fossem elas escola, consultas médicas, medicação ou roupa.
No entanto ela já tem quase 5 anos e até hoje o dinheiro que ele pagou foi pouco ou nenhum, durante estes últimos 4 anos nunca foi presente na vida da filha, de repente decide aparecer na vida da filha e quer que a filha o aceite como pai. No entanto continua sem ajudar com um único cêntimo e a menina não quer sequer estar com ele.
O pior para mim nem é o dinheiro porque graças a Deus até hoje nunca nada lhe faltou e tem uma educação exemplar. O pior para mim é mesmo ele querer à força que ela o aceite e o sofrimento pelo qual a minha filha passa sempre que estamos com ele. Já tive inclusive que ir com ela para um psicólogo devido ao desturbiu que isto lhe causou, regrediu na fala também o que me aumentou mais as despesas tendo que a meter numa terapeuta da fala. E o senhor nem sequer se dignou a perguntar nunca se precisava de ajuda nessas despesas, uma vez que foi ele a causar estes problemas acho que por consciência não lhe ficava mal perguntar ou oferecer-se para pagar as consultas uma vez que eu a sustento sozinha já há 5 anos, pois quando estávamos juntos era eu que sustentava a casa, despesas, comida, tudo sozinha com ajuda dos meus pais pois ele não trabalhava na altura. Agora trabalha e recebe bem não ajuda por opção.
É uma revolta diária. 🙁
Estou atravessando situação de divórcio litigioso. Fiquei sem nada, depois de 23 anos de casamento e 10 anos de álcool, 3 filhas e sem teto, pois foi capaz de me fechar fora da porta com as filhas. A nossa casa diz que é dos pais. Vou para tribunal contestar com provas. Entretanto não paga a pensão da filha menor e da que estuda na faculdade. Não aguento sozinha, apenas com ajuda de familiares, ele trabalha e diz que tem contas para pagar, e eu? Com renda, com 3 filhas e só a roupa do corpo. Agora aguardo pelo tribunal, para quando não sei. Interessante uma coisa os pais dele sabendo do problema do álcool dizem que o álcool foi algo que inventei.