Já não me custam as noites. Devo ter crescido e, apesar da minha cama não sentir o calor do meu corpo há demasiado tempo, adormeço serena. Nem me lembro dos sonhos mas sei que sonhei porque acordo muito zangada. Guardo a raiva entre o momento em que acordo e o momento em que te vejo acordar. Disseram-me que tens as bochechas da mãe mas eu acho, felizmente, que são bochechas-de-sono. Refilas e explicas-me que és nocturno: queres viver de noite e dormir de dia e eu calo-me porque acredito que temos anos e anos para discutir este assunto. Já não me custam as noites mas custam-me aqueles minutos depois de te deixar na escola. Cresci e fiquei a ganhar: troquei várias horas por apenas alguns minutos. E melhor ainda descobri a solução. Se correr muito depressa durante quinze minutos, se quando me apetecer parar disser todas as coisas feias que me zangaram em sonhos, se escrever cartas que nunca vou mandar, se organizar discursos que nunca vou fazer. Se correr muito depressa durante quinze minutos fico tão cansada que não tenho força para estar zangada.

4 comentários em “”

  1. Boa tarde

    Sou jornalista no portal SAPO e escrevo-lhe porque estamos a preparar um trabalho para ser lançado a propósito da estreia do filme O Sexo e a Cidade 2 e gostávamos de contar com a sua participação.

    Gostava de poder contactar consigo directamente e, por isso, pedia-lhe que me enviasse um e-mail para inesgens@gmail.com com o seu e-mail de contacto.

    Muito obrigada pela ajuda
    Inês Mendes
    SAPO

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