Crescer em Almada com Zeca Afonso e Adriano como banda sonora não foi sempre fácil. Já devia ter maminhas quando provei coca-cola. Ás escondidas – obviamente – em casa da R. onde se bebiam essas coisas ao pequeno-almoço (um conceito que para mim se aproximava muito do paraíso). Pedi uns All-Star e recebi uma imitação muito má comprada no falecido Pão de Açucar. Implorei por uma camisola da Benetton e a minha mãe ofereceu-se para me fazer uma parecida. Felizmente já tinha idade para me impor – depois de anos e anos com camisolas de lã e nada de roupa da Cenoura – e depois de um mês de sacrifício alimentar – nada de mil-folhas, nada de sandes de rissol – comprei a camisola. O mesmo conceito de poupança serviu para, meses mais tarde, comprar um blusão de ganga da Uniform, naquela loja adorável ao lado do Frei (sim, porque não se brinca com símbolos soviéticos!)
Não sei que idade tinha mas lembro-me de ter pedido uma Barbie. Lembro-me de ter implorado uma Barbie. Lembro-me ter chorado por uma Barbie. Os meus pais ofereceram-me uma Tucha. Eu agradeci. E calei-me. Justiça seja feita aos meus paizinhos porque a minha expressão de tristeza deve ter sido tão comovente que – livrando-me de traumas ainda mais profundos – no Natal seguinte recebi uma Barbie. A mais simples, a mais barata, o equilíbrio possível entre a base ideológica dos meus pais e a minha infância feliz.
Como me identifico…também tive/tenho uma Tucha mas nunca quiz uma Barbie. Já a minha filha…tem demasiadas.
Gosto imenso de ler o que publica, especialmente o amor pelo seu filho!
Ana
Eu devia ter 6 anos, quando “roubei” uma nota a minha mae para ir sozinha a papelaria da D.Dina comprar uma TUCHA. Custavam cerca de 1000 escudos. Antes de eu fazer a compra a minha mae deu falta do dinheiro (era muito dinheiro) e eu confessei tudo. Mas nao me compraram a Tucha. Nunca 🙂
Mas essa da imagem não é uma tucha, é uma Leslie 🙂
Tive ambas. Barbie nunca tive.
Verdade seja dita que sempre liguei muito pouco a bonecas 🙂
Ola… queira desculpar mas… pode dizer me como identifica uma e outra? É que eu tive uma tucha em menina e na minha memória era igual a esta mas versão loira e com outra roupinha… agora quero comprar uma tucha mas com este seu comentário tenho receio de comprar uma Leslie… pode “ensinar me” por favor?
Eu tinha tuchas (antes da barbie vir para portugal, as poucas minhas amigas q tinham barbies vinham de espanha) e eram girissimas, morenas. dps qdo veio a barbie eu já n achava piada a bonecas. a minha irmã teve catrefadas de barbies, a minha filha então nem falar…tb tive mta roupa da cenoura e da benetton (a 1ª benetton que abriu em portugal era em frente da casa da minha avó, onde eu ía todos os dias). eu acho que os meus pais eram de esquerda tb (mas pelos vistos, da esquerda caviar).
Quando a Barbie apareceu tb já não ligava às bonecas (tb nunca liguei muito) e só tive uma Tucha com o cabelo preto asa de corvo e olhos azuis, e que depois ficou zarolha. Gostava imenso dela na mesma. Sempre gostei mais das Tuchas.
Também haviam umas que eram as Cindys, herdei uma da minha prima, loira e maneta … hehehe não tratávamos muito bem as bonecas, não.
E se eu também passei algumas coisas dessas. Realidades da nossa época ou das nossas famílias!
E as Nancy, alguém se lembra. Barbies não tive nenhuma.
Eu tive taaaantas barbies… a barbie, o ken, os filhos, o carro, isto e aquilo..(o conceito da barbie com filhos até hoje nã aceito bem!)
lembro-me do dia em que o meu pai me construíu duas casas giríssimas, mais tipo arranha-céus, para as barbies. tinham portas de ligação às várias divisões e tudo..:)
as casinhas ainda existem, agora servem de estante, as barbies, se procurar bem, também devo encontrar alguma!
outros tempos: havia espaço, havia tempo, havia dinheiro..
Eu tive uma Nancy. A Barbir chegou já eu devia estar prestes a fazer 9 anos, e veio do país vizinho.
Ah…e essa loja ao lado do Frei. Como é que te vais lembrar dessas coisas??
(o meu grande desejo eram umas calças de ganga da el charro…nunca cheguei a ter)
ai não me fales na tucha, tive a tucha noiva, adorava a boneca mas deixei-a no terraço e roubaram-ma
anos mais tarde tive uma barbie, a barbie tropical, tb anos mais tarde empreistei-a à irma de uma grande amiga e ela perdeu-ma
agora para me vingar nem sei quantas barbies as minhas filha têm, mas não têm o mesmo encanto.
Também tenho traumas com a roupa da Cenoura. Primeiro que a minha mãe descobrisse que já não podia ver aquilo à frente….
Também tenho…algumas
Nem sabia da existencia da Tucha, mas pelo decote não fica nada atrás da Barbie (eu só tive 2)
Roupa da cenoura jamais.
Coca-cola nem pensar, e a barbie era o símbolo da mulher-objecto e do capitalismo americano. Nem tucha, nem nancy.
Mas o meu tio salvou-me. O meu tio deu-me uma barbie no Natal (a mais barata, que não dobrava os braços), sem prevenir a minha mãe antes. E eu fiquei tão feliz, tão feliz, que ela não teve coragem de a tirar.
Ser filha da ideologia não era sempre fácil (mas era divertido).
Na terrinha passava-se filme igual, afinal a banda sonora era a mesma. Felizmente a minha avó fez-me roupas lindas para a minha Barbie (que, de tão simples, só tinha um maillot…)!
Tuchas à parte (também tive uma), o que eu gostei mesmo foi da camisola Benneton, os ténis All Star, blusão de ganga da uniform. Menção especial para as camisolas da amarras… Um must para ser mesmo igual às minhas colegas 🙂
Parabéns pelo post nostalgia, adorei.
Eu tive uma Tucha e uma Nancy, as minhas grandes companheiras de brincadeiras. Eram lindas e eu adorava (des)penteá-las. Que saudades!!!!!!!!
Eu tive uma tucha preta 🙂 que é uma das mais bonitas recordações de infância. belo post, babe, mas olha, a minha mãe era fascista e não se ouvia zeca nem coisa que o valha, mas era impenetrável ao consumismo como os teus pais.