Educar é uma tarefa difícil. Agravada pela falta de tempo. Isto são factos inegáveis. Não questionando os milhares de teorias sobre o tema, a prática é outra realidade.
O meu filho – que tem idade para isso – tem testado todos os limites das regras. Em relação à quantidade insuportável de testosterona e aos meus limites físicos, ainda que fique exausta, aguento. Mas o cansaço não se compara à rapidez de raciocínio com que tenho de reagir perante os testes.
G. diz que não quer vestir-se para ir para a escola. Chamo uma, duas, três vezes.
– Vou desligar os desenhos animados.
– Se tu desligas vou dar-te um murro. [desligo a televisão]
– Tu é que sabes. [dá-me um murro e eu ignoro. dá um beliscão e eu ignoro. perante a minha indiferença vendo-me descalça pisa-me. agarro-o com força e mantenho um tom de voz baixo.]
– O pai e a mãe não te batem. Não tens nenhuma razão para bater. Vais ter calma, vestir-te e ficas dois dias sem ver televisão nem computador.
[chora cheio de raiva]
– Meu amor, não vale a pena estares assim. Sabes o que fizeste mal?
[acalma]
– Mil descupas mãe… Eu não vejo televisão. Dois dias.
[fomos de mão dada até à escola. peguei-lhe ao colo antes de chegarmos e ficamos muito tempo abraçados. depois tira-me os óculos para me dar beijos nos olhos]
Dói-me os minutos de dureza em detrimento de uma manhã de mimo. Dói-me que seja assim o pouco tempo que passamos juntos. É uma angústia mais do que qualquer discussão.
Um beijo graaaaaande para ti. És linda.
Que disse que ser mãe era fácil?
Beijinho grande e boa páscoa.
(sei lá porquê, há que tempos não vinha aqui!)
a reacção da minha filha às declarações de castigo são: desculpa, desculpa, desculpa, eu visto-me, não volto a fazer o mesmo, deixa lá ver a tv. e depois não pára de chorar tão cedo ao ver que a coisa era mesmo a sério.
acho sempre que nunca encaixou direito o que acabou de acontecer…