Esta noite não me apetece sonhar com manchetes. Não queria sonhar com histórias imaginárias e caracteres perdidos. Prefiro histórias de amor. E nem me lembro quando escrevi a última. Fazem-me falta as folhas desenhadas dos meus diários de adolescente. Faz-me falta o quarto cheio de Tejo. O disco de vinil dos Nirvana. As cassetes em rewind com uma caneta bic. Chorar e cantar o Don’t Cry baixinho enquanto sonhava ser como a Stephanie Seymour. O som do telefone preto em que cada número demorava a mesma eternidade de cada toque de espera. Queria correr para casa e abrir a caixa do correio. Experimento agora outra ansiedade pelas letras. Queria ter 14 anos e escrever 14 páginas guardadas num envelope com selo plastificado. Queria cadernos rabiscados com iniciais de história de amor. Agora escrevo todos os dias a única história em que acredito.
– Mãe, vais gostar sempre de mim?
– Até ao infinito.
🙂