Quando falo do meu passado – e apesar de querer negar que tenha um passado com idade superior a adolescente – tomo consciência da evidência dos ciclos. Com diferença na quantidade de laca que punha na poupa e hoje nem me penteio, a roupa que deixou de ser preta, as botas ensebadas que hoje são saltos-altos, o rio com que acordava todas as manhãs encondeu-se no barulho da rádio-táxis, o pequeno-almoço disperso por quatro mil-folhas que hoje são bolos de arroz, as mãos frias do meu pai a acordar-me com cócegas nos pés quando entrava no meu quarto substituídas pelos dedos pequeninos do meu filho a mexer-me na cara, a história da minha vida repete-se. Ouço Faith No More, gosto de amêndoa amarga com pouco gelo e nada tem o sabor de uma bebedeira à hora de almoço. Tomo resoluções de vida em Setembro, luto contra mim mesmo até ao Natal. Renasço algures no final de Janeiro quando os primeiros raios de sol me lembram que o gelo vai derreter. Sou profundamente feliz até o Verão ficar demasiado quente e derreter as certezas… Os ciclos repetem-se. E Março volta.
os bolos de arroz engordam comó caraças! até março…
e nota-se bem: os dias maiores, o sol mais alto e eu convencida que está color a rapar um frio desgraçado mal chego à rua…
(mas olha que as botas eram menos elegantes mas bem mais confortáveis! muito gosta uma pessoa de complicar a vida como se ela não se complicasse sozinha)
e nota-se bem: os dias maiores, o sol mais alto e eu convencida que está color a rapar um frio desgraçado mal chego à rua…
(mas olha que as botas eram menos elegantes mas bem mais confortáveis! muito gosta uma pessoa de complicar a vida como se ela não se complicasse sozinha)
volta e meia esta coisa encrava e depois é o que se vê. podes apagar? (não aparece o caixote do lixo…)