Passar o feriado em casa da minha mãe tem como consequência ir buscar as minhs caixas secretas e remexer no passado. Nesta fase da vida este é um exercício muito agradável uma vez que não existem casos mal resolvidos no meu passado.
Nestas minhas (re)descobertas deparei-me com o meu anel de noivado. É verdade. Já estive noiva.
No entanto, e sendo brutalmente honesta nunca me quis casar. Corrijo, nunca nos quisemos casar. Hoje o anel está guardado juntamente com inúmeras cartas de amor (quem as não tem). Delicio-me a ler estas palavras e arrependo-me por todas as cartas, de outros tanto amores, que rasguei em momentos de fúria descontrolada.
Temos (quase) sempre essas fúrias, de rasgar folhas do passado. Não me arrependo de o ter feito, o que é importante ficar, fica. Mas a partir de um certo momento, talvez por vermos que os anos passam depressa demais, deixamos de o fazer. Guardo o meu anel de noivado junto com a minha aliança na caixa das fotografias de um casamento que se desfez. Quem sabe, talvez a minha filha lhes ache piada 🙂
Temos fúrias. Temos noivados desfeitos. Temos caixas em que guardamos pedaços de nós. Temos um filho. Sentido da vida. Cruzamo-nos neste mundo de partilha. Gostava que nos cruzassemos na vida. Quem sabe no Avante.
Certamente 🙂