Diz-se que, em Portugal, somos todos treinadores (de bancada porque, na realidade, não mandamos coisa nenhuma). Não seremos todos mas existem cada vez mais “coaches” e há para todos os gostos: mental coach, nutricional coach, health coach, personal coach.
Ser “coach” ou em bom português, ser treinador, é um negócio que tem por base a necessidade que todos temos de ser orientados em todas as áreas da nossa vida. Na semana passada, a expressão “mental coach” veio para as bocas do mundo depois de o jogador português Eder – com o golo que o tornou herói na final do Campeonato Europeu de Futebol – ter falado na pessoa que o tem ajudado a acreditar mais em si, Susana Rodrigues Torres, é a sua “coach”.
Eu acredito que a maior parte das conquistas e das vitórias – seja um desportista de competição ou o comum dos mortais – passa em grande parte por um trabalho mental. Assim, valorizo o trabalho de quem consegue tirar o melhor de cada pessoa, ou fazer de uma pessoa alguém melhor (ou pelo menos mais feliz mais serena, mais saudável ou mais resolvida). Eu acredito que a maior parte das conquistas e das vitórias – seja um desportista de competição ou o comum dos mortais – passa em grande parte por um trabalho mental. Mas, escrevendo eu sobre isto de viver mais com menos, ou em linguagem mais imediata, sobre isto de poupar, como fazíamos antes de existir o “coach”?
Eu fui tendo vários treinadores ao longo da vida. Os meus pais foram, sem dúvida, os mais importantes e cada um me orientou em áreas completamente diferentes da vida. Esses foram gratuitos (a minha mãe continua a ser). Depois, uma professora mais importante e outras pessoas mais velhas com quem me cruzei nas minhas lides de juventude partidária. Também não paguei nada por essas sessões de coaching mas foram pontuais e ocasionais. Já o meu psicanalista – a quem nos diz de hoje poderia ter chamado “treinador de qualquer coisa” – foi fundamental mas paguei-o bem.
Se isto for uma crónica de poupança, digo-vos que estejam atentos aos “coaches” que vos vão surgindo ao longo da vida e que, a troco de coisa nenhuma, vos orientam para serem pessoas melhores. A bem da verdade dos factos – e sem interesses económicos no negócio referido – acredito que existam grandes treinadores que façam a diferença na vida de uma pessoa. E que sejam assim uma espécie de vozinha que nos ajuda a tomar as melhores decisões e a marcar golos decisivos. –
nota: depois de ter publicado esta crónica explicaram-me que coach vem de carruagem e não de treinador. ou seja: alguém que puxa a carruagem. gostei mais desta definição.