A Lénia Rufino, 40 anos e office manager, fez uma comparação que adorei. Quando os miúdos vão crescendo, tornamo-nos numa espécie de negociadoras do FBI (apesar de não podermos ceder às chantagens dos terroristas). Eles deixam de fazer o que dizemos e começam a pedir justificações para tudo. Já disse isto num vídeo do Youtube: nestas guerras dou por mim a ser exatamente como a minha mãe (e a dizer aquilo que jurei nunca dizer quando tivesse filhos). “Isto não é uma democracia”.
Depois há outras coisas que partilho com a Lénia Rufino, que são tão simples e tão boas: serões só nós, em casa a ver filmes. Outra coisa muito importante nesta super mãe: continuar a ser a pessoa que era antes de começar a aventura da maternidade.
Uma conversa que vale muito a pena ler, com uma mulher que é uma excelente mãe (da Leonor, de 11, e do André, de 8) e que, muito importante, não se esquece de continuar a ser muito ela. Continuamos à procura de super mulheres com a Gold Nutricion.
1. Do que é que tem mais saudades do tempo em que os miúdos eram bebés?
Tenho muitas saudades de não ter de justificar todas as minhas decisões. Quando eram bebés, não contestavam, não desafiavam, não debatiam. Só faziam o que eu dizia e pronto. Agora sinto-me uma espécie de negociadora do FBI, num caso complicado de reféns ou assim (se bem que um dos meus principais mantras da maternidade é “não negoceio com terroristas”).
Não adoro a fase bebé: não acho particular graça a fraldas, papas, noites sem dormir (não que tenha tido muitas, que não tive, sortuda, eu sei), portanto, na verdade, não tenho assim muitas saudades. Não a ponto de querer mais um bebé, por exemplo.
2. Qual era o maior receio antes de ser mãe pela primeira vez?
A minha primeira gravidez não foi planeada, por isso não me lembro de ter assim grandes medos. A notícia foi um bocadinho um choque, portanto a seguir foi lidar com a coisa com o menor impacto possível. Depois, mais tarde, dei por mim a ter um medo absurdo: leucemias. Quer dizer… eu sou a mãe que, sem razão nenhuma para isso, pediu ao pediatra para fazermos testes para despistar isso na miúda mais velha… (chamou-me maluca… óbvio!). Foi uma coisa absolutamente irracional, que não sei de onde veio. Felizmente, já passou.
3. É mais fácil educar um segundo filho ou é sempre como se fosse o primeiro?
No meu caso, é mais fácil porque ele é mais fácil do que a irmã. Eu nunca fui aquela mãe de panicar por tudo. Sempre fui super descontraída, sou a mãe que, se a chucha caísse, não ia a correr esterilizar. A diferença que eu noto na educação deles não tem tanto que ver com o facto de ser o primeiro ou o segundo, mas sim com as personalidades deles que, sendo diferentes, dão “trabalhos” diferentes. Ao segundo filho já se tem outra estaleca, a resposta é mais rápida. Portanto, o que eu noto de diferente não é tanto a forma de educar, mas sim a maneira como reajo às situações.
4. Qual foi a lição mais valiosa que o primeiro filho lhe deu?
Aquele cliché básico de que o amor cura tudo, sabem? Foi isso. E ensinou-me que sou capaz de me reinventar as vezes que forem precisas, sou capaz do que tiver de ser para que os meus filhos estejam bem. Mas também me ensinou que há vida para além da maternidade e que não preciso de me anular como mulher para ser boa mãe.
5. Qual é o programa mais giro para fazer com os filhos?
Não sei se é o programa mais giro do mundo mas, no meu caso, considerando os filhos que tenho e a carteira, um dos nossos programas preferidos são os serões de sexta e de sábado: filmes no sofá. Simples assim. Pronto, também gostamos de ir ao cinema, à biblioteca e… de ir jantar fora (sushi). No fundo, não sou muito de fazer grandes produções com eles. Claro que gosto de lhes proporcionar experiências giras, mas não é preciso inventar a roda para conseguir fazê-lo. Ah, acabei de me lembrar: uma das coisas que eles mais gostam de fazer é… ir comigo para o meu trabalho, de vez em quando. Sim, os meus filhos ficam felizes quando vão trabalhar com a mãe (aposto que, quando tiverem efectivamente de trabalhar, a vontade não vai ser a mesma…).
6. Qual é o seu super poder?
O meu super poder é simples: continuar a ser quem era antes de ser mãe. Vejo tanta gente infeliz porque se anulou no ciclone que é a maternidade que o facto de eu conseguir manter-me à tona, fazendo coisas de que gosto sem me sentir culpada por isso, me dá a certeza de que é possível sermos felizes os três.
A foto (linda) é da Lénia Rufino.
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