Quem chegou de férias com as malas de viagem, depois de semanas vividas apenas com o necessário, e já prometeu que desta vez é que vai mesmo entrar em movimento destralhar? Setembro é tão bom para fazer resoluções! Eu confesso que faço parte desse grupo de pessoas que quando regressa. depois de uns dias fora, percebe que, apesar de todos os esforços, vive com muito mais do que precisa. Vamos falar um bocadinho sobre arrumar e destralhar.
É verdade que palavras como “organização” e “minimalismo” nem sempre batem certo com “filhos”. Quem os tem, sabe que tudo o que implica arrumação pressupõe um bocadinho mais de destreza. Aliar horários de trabalho, horários para banhos, trabalhos de casa, tempo de brincadeira e ainda as idades e fases diferentes de cada um.
Bebés em casa acordados, por exemplo, envolve conseguir fazer as arrumações com eles ocupados. Ou, então, com eles a ajudar. É conhecida a frustração de estar a arrumar de um lado, com eles a desarrumar do outro! Para descomplicar e fazer com que tudo isto não seja um filme de terror, aconselho a tentar (leiam bem o tentar) que eles também participem na missão de arrumar e destralhar. Faz-lhes bem e só nos facilita trabalho.
Que atire a primeira pedra a pessoa que nunca olhou à volta e pensou: porque é que eles têm tantos brinquedos? Porquê tanta coisa?
Demasiados brinquedos leva, muitas vezes, à desordem. Mexe com os nervos. O estado das nossas casas influencia o nosso humor e daí a abordagem minimalista ser uma boa prática. Menos tralha significa mais espaço, menos para limpar, menos desarrumação e mais disciplina. Fá-los arranjar maneiras diferentes de brincar com as mesmas coisas – desperta-lhes a criatividade.
Se é fácil livrarmo-nos dos brinquedos a mais? Nem sempre. Há um apego emocional e uma justificação de “existencialidade” em cada objeto: eles vão ser capazes de arranjar as justificações mais inacreditáveis! Há, porém, alguns fatores a considerar:
– a idade dos filhos;
– o número de filhos;
– quantidade de tralha;
– quanto uso é dado a todos brinquedos (há, certamente, uns que são identificados como preferidos).
Passemos à prática:
1.Arrumar/Destralhar com recém-nascidos em casa
Aquele momento em que o bebé dorme é óptimo para dar uma arrumação à casa. Mas também é bom para descansar – importante nesta fase! A arrumação, nestes casos, pode ser feita por partes e sem stress. A pessoa com quem se divide as tarefas deve ser uma peça fundamental neste processo (marido, namorado…), sem sentimento de culpa por se pedir ajuda.
2.Arrumar/Destralhar com bebés que já gatinham
A hora da sesta já pode ser usada para a arrumação. Enquanto dormem, não circulam pela casa e não temos que estar de olhos postos neles. Se estiverem acordados, também é possível mante-los ocupados com algo que lhes prenda a atenção durante 10 minuto mas que dê para ir controlando ao longe. Um bom exercício nesta fase é ir guardando aqueles brinquedos/acessórios que eles já não usam – evita-se o apego.
3.Arrumar/Destralhar com bebés com mais de 4 anos
A fase em que já os podemos envolver no processo. Se eles ajudarem, vai ser menor a tentação de desarrumar tudo – sabe-lhes bem e divertem-se a arrumar. É, ainda, uma forma de criar laços, partilhando uma tarefa familiar.
4.Ensinar as crianças a destralhar
Sabemos como lhes sabe bem ouvir “já não és um bebé”. E funciona neste caso quando dizemos: “esse brinquedo é para bebés”. Podemos começar por explicar-lhes que aqueles brinquedos e roupas podem ser importantes para um bebé que precise. Passar-lhes a ideia de que está a ser crescido, resulta muito bem. A mensagem positiva terá sempre um bom fim. E aqui não os podemos deixar sozinhos. No início, eles têm que ver em nós aquilo que nós queremos que sejam eles a fazer. Arrumar e destralhar pode ser, de facto, uma brincadeira! E pode ser feita todos os dias, como rotina. Se lhes passarmos a ideia de que arrumar é divertido (contando as peças e os brinquedos, inventando histórias ao mesmo tempo, etc), eles próprios vão querer fazê-lo (autonomamente, até).
Nota: Se não resultar e o desespero for muito, tenta-se de outra forma: experimentar guardar, sem que ele perceba, aqueles brinquedos com que ele já não brinca mas mantém. Se ele não sentir falta nem perguntar por eles, está feito.
Tentar, sempre, a via da participação. Tem em si uma mensagem importante, que lhes vai servir a vida toda.
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