brinquedos de menina

brinquedos de menina e brinquedos de menino?

há uns meses não reagi perante a polémica dos livros para meninos e meninas. sinceramente porque, apesar e concordar com a maioria das críticas, não consegui dar-lhe aquele peso.

eu acho que isto das “coisas de menino e coisas de menina” começa em casa (o mercado reage sempre ao que as pessoas compram). associarmos determinados brinquedos às meninas e aos meninos é uma questão cultural – só como exemplo, para as nossas avós a cozinha era o lugar das mulheres e poucas tinham carta de condução, o que leva a associar os carros aos rapazes. estes conceitos demoram a passar e demorando ainda mais se os reforçarmos em vez de os destruirmos.

existirem bonecas cheias de ladinos cor de rosa e carrinhos azuis e pretos é normal. aquilo que não podemos fazer é, perante um filho que pede uma Barbie, responder-lhe: “tu não podes, isso são coisas de menina!” e vice versa. existem brinquedos cor de rosa e brinquedos azuis, não devem existir brinquedos de menina e brinquedos de menino.

naturalmente, e por uma questão de referências, é normal que os rapazes imitem a figura masculina (o pai) e as raparigas imitem a mãe. se a mãe tem cabelo comprido e a virem pentear-se e ir ao cabeleireiro irão querer aquelas cabeças assustadoras e brincar às cabeleireiras. se o pai vê futebol na televisão, talvez o rapaz tenha mais tendência a pedir uma bola para jogar. mas é apenas isso: referências que coexistirão com a liberdade de escolherem aquilo que mais gostarem.

em casa, aquilo que podemos fazer é educar para o respeito e liberdade. cada criança deve crescer sem as limitações dos preconceitos.

 

no outro dia recebemos uma Barbie e uns carrinhos da HotWheels (uma colecção de garrafa de água muito giras do Fastio). eu entrei em delírio com a Barbie – é o que dá ter crescido sem Barbies porque eram muito caras. Maria Luiza nem ligou, quis os carrinhos. assim seja, brincará com aquilo que mais gosta.

dos irmãos herdou alguns carrinhos, muitos blocos de construções e todo o tipo de panelas, comidinhas, máquina registadora e cestos das compras. o brinquedo preferido dos meus filhos rapazes sempre foram cozinhas. e eu tenho esperança que isso signifique que ainda vão cozinhar muito para mim.

 

 

para mim, mesmo em relação à roupa deve existir essa liberdade. mas vocês dirão: vestirias saias aos teus filhos? eu vestiria se algum deles me pedisse mas não é uma alternativas que lhe dê por isso não tenho certezas absolutas neste assunto.

há algum tempo vi um documentário sobre um conjunto de famílias na Suécia que criavam os filhos sem qualquer referência de género, ou seja, tanto lhes davam calções como vestidos. e fiquei dividida porque também não me pareceu totalmente positivo para o desenvolvimento dos miúdos (talvez e principalmente porque crescem rodeados de outras crianças).

e vocês? o que pensam sobre isto? faz sentido impor alguns limites? ou estes são apenas aqueles que os nossos preconceitos impõem? 

6 comentários em “brinquedos de menina e brinquedos de menino?”

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  2. Acho que faz sentido impor alguns limites, acredito que identidade (neste caso associado à roupa) é diferente de atividade (brincadeiras) . Como mãe vou querer guiar os meus filhos para a integração na sociedade e aceitação do próprio género demonstrando que as meninas são diferentes dos meninos assim como os homens são diferentes das mulheres a nível biológico e comportamental e que isso não significa inferioridade ou superioridade pelo que podem desempenhar as funções que quiserem na vida. Acredito que é importante os pais mostrarem aos filhos como a sociedade funciona na atualidade deixando claro que quando forem adolescentes/adultos vão poder tomar as suas próprias decisões. Não vejo isso como preconceito. Fui a catequese em criança e isso não alterou o facto de me tornar alheia a todas as religiões. Se considerarmos que a roupa pode ser preconceituosa porque escolhemos diferentes peças para menino ou menina então ensinarmos os nossos filhos a mastigar de boca fechada também é um preconceito porque afinal de contas as pessoas que mastigam de boca aberta não agridem outras nem limitam a liberdade de ninguém e no entanto foi-nos ensinado para nos integramos na sociedade.

  3. Limites existem, no entanto: Impor nunca. Antes liberdade, para que possam descobrir os seus próprios limites.
    Quem estiver interessado nestas questões de género, a Camille Paglia faz um trabalho muito esclarecedor. O conceito de igualdade de género gera muita confusão. Os dois géneros não são iguais!, existem dois géneros diferentes! Masculino e feminino. Os dois géneros são diferentes, em alguns casos opostos até! A tendência geral no nosso tempo é uma tentativa de esbater tais diferenças julgando que assim se gerará mais igualdade de direitos entre os indivíduos, mas não estaremos a forçar uma ruptura com a nossa condição natural, biológica? E a não querer atender à especificidade do género? O reconhecimento do género faz parte da construção da nossa identidade, que começa precisamente na infância. Nesse sentido parece-me muito positivo até que sejam dadas algumas referencias de género e se estimule o contacto com as questões do corpo, do fisiológico ou da biologia inerentes ao género.

  4. Aqui discordo. Em todas as matérias em que é preciso uma evolução social e romper com hábitos ou preconceitos não podemos esperar que a mudança venha ‘de casa’, que parta do individual para o coletivo. Quem faz as leis e quem zela pela sua aplicação tem de ser ‘vanguardista’ sob pena da mudança não acontecer. Na questao particular da igualdade de género, as famílias tendem a ser as primeiras e maiores condicionadoras da ambicionada igualdade de oportunidades. Por isso esteve bem
    o governo quando aconselhou a retirada do mercado daqueles livros. (A mesma Porto Editora lançou agora mais uma perola – a agenda doméstica para 2018… com pasme-se, uma senhora branca e loura na capa).
    Questao diferente da igualdade de género (que entendo como igualdade de oportunidades e não como uma
    declaração de que homens e mulheres são iguais) é a da ausência de género.
    Não oferecer saias para rapazes vestirem não me parece ser uma castração (não tendo eles manifestado qualquer vontade nesse sentido) mas apenas aceitar o género da criança não havendo razões para o questionar.

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