convulsa

a tosse convulsa, as vacinas, o hospital e a gratidão

Quero falar de gratidão e agradecer. E esta não é uma crónica atrasada sobre mais um feriado importado embora ache que, entre Halloween e Valentine’s Day, seria preferível termos o Thanksgiving.

Nesta crónica quero falar-vos de vacinas e saúde pública. Na verdade quero pedir: vacinem-se e vacinem os vossos filhos. Pouparemos naquilo que gastamos em doenças mas, é sobretudo, poupar-nos-emos à angústia de ter um filho doente.

Estive, entre sexta-feira e ontem, com a minha filha de menos de três meses internada na unidade pediátrica de pneumologia do Hospital Santa Maria. A Maria Luísa estava com tosse há quase duas semanas. Foi observada – auscultação perfeita – mas o raio da tosse não passava e nas últimas noites a tosse passou a ser estranha, principalmente à noite. Na quinta-feira comentei com a pediatra Joana Appleton sobre essa tosse. Mediante os sintomas comentou comigo que existe actualmente um surto de tosse convulsa.

Depois da indicação da Joana (mil vezes obrigada) percebi que tudo batia certo. Passei a noite em branco e vim a Santa Maria. Fizemos análise (a cultura da tosse convulsa ainda demora uns dias) mas, mediante os sintomas, a Maria Luísa teve que ficar internada.

A Maria Luísa tem (quase) três meses só levou a primeira dose da vacina e não está protegida. Apesar de ser amamentada em exclusivo isso não a protege das coisas para as quais eu também não tenho defesas (fui vacinada em criança, esta doença é perigosa até aos 2 anos). Devido a este surto as grávidas estão a ser aconselhadas a ser vacinadas para poderem passar os anticorpos ao bebé. A partir de 2017 esta vacina fará parte do plano nacional de vacinação é será gratuita.

Não podemos ter os nossos filhos fechados em redomas de vidro. É importante perceber a importância das vacinas do plano nacional. Podemos acreditar no poder e na teoria da conspiração da indústria farmacêutica, podemos questionar que alguma vacinas novas já deviam estar no plano nacional e não está porque o Estado quer poupar. Mas o plano nacional de vacinação existe por alguma razão. É importante perceber que a vacinação só funciona se todos formos vacinados e erradicarmos as doenças em questão. A ideia de não vacinar as crianças com o plano nacional leva ao agravamento destes surtos e põe em causa da saúde pública.

Estar num hospital é sempre uma lição de vida. Estar num hospital ensina-nos a relativizar e a ser gratos pelo que temos. E hoje podia ser o meu Thanksgiving. Obrigada aos meus amigos / família que ajudaram com os filhos que ficaram em casa e têm tornado estes dias mais leves. Obrigada a quem me alimentou. Obrigada ao meu marido por tudo. Obrigada à pediatra Sofia e à pediatra Margarida por aturarem todas as minhas inseguranças. Obrigada à pediatra Joana pela dica atenta. Obrigada a todos os profissionais do Hospital de Santa Maria que reforçaram esta minha ideia que as pessoas que trabalham em saúde são o mais próximo que conheço de “deuses”.

 

 

 

14 comentários em “a tosse convulsa, as vacinas, o hospital e a gratidão”

  1. Olá Catarina, tem toda a razão naquilo que diz. Toda a razão do mundo. No entanto, esta vacina encontra-se esgotada há muitooo tempo. Ao contrário de outros países da Europa e da América Latina, só agora se fala nesta vacina em Portugal, parece que tem havido surtos, mas não foi só este ano. E pelo que percebi não são as crianças a transmitir, porque elas, como bem disse, levam o primeiro reforço aos dois meses. Estou grávida de 34 semanas. E estou à espera da vacina. Era para chegar em meados de Novembro, e tenho cá para mim que não vai chegar a tempo. O ideal seria levar até as 32 semanas, embora se possa levar até as 36. E depois?? Depois logo se vê, porque não posso isolar o bebe, nem me posso isolar do resto do mundo, embora tenha muita vontade de o vir a fazer.

    1. Boa tarde,

      Não sei de que zona do país são, mas a farmácia do Gaia jardim(Vila Nova de Gaia)tinha a vacina a cerca de 1 mês atrás.
      Espero ajudar.

  2. Pingback: a tosse convulsa, as vacinas, o hospital e a gratidão - Baby Blogs Portugal

  3. Ola Catarina! Devo que confessar que pela 2 vez me deixa de coração cheio ao ler a sua crónica… Primeiro porque sou profissional de saúde, segundo porque trabalho no Santa Maria e talvez em terceiro porque também vou ser mamã ? e é muito bom (mas mesmo muito bom ouvir palavras de reconhecimento)! Ao contrário do que se pensa a vacina da tosse convulsa fazia parte da plano nacional de vacinação mas foi retirada porque a doença foi ir radicada do nosso país (e não por questões de poupança) no entanto com Todas as questões actuais que envolvem a entrada de migrantes de Leste no nosso país começaram a surgir surtos de tosse convulsa, e a vacina vai passar a ser obrigatória outra vez (também fiquei espantada quando a minha obstetra me disse que tinha que a fazer)! Lá teremos que esperar!!! As melhoras para a princesa Maria Luísa ***

    1. Ana Filipa refere que a vacina da tosse convulsa foi retirada do PNV, tem mesmo a certeza disso? Porque no livro do bebé continua lá a DTP….

  4. Olá, Catarina espero que a pior parte já tenha passado. A Maria Luísa tem um sorriso lindo.

    Também gostaria de dizer, que acho triste que deixem esgotar uma vacina que é tão importante

  5. Catarina, que aflição. Pelo que pude perceber, já deverá estar tudo bem com a Maria Luisa.
    Apesar do susto, a sua intuição de mãe funcionou e as ajudas foram boas.
    Muita força, beijinhos e as melhoras da sua princesa.
    Elsa

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  7. Olá ,eu levei a vacina as 32 semanas ,e a minha filha já tem 35 dias 🙂 na farmácia de arcos de valdevez tinha várias 🙂 espero ajudar …

  8. Olá Catarina,
    Como compreendo a sua aflição, faltava um semana para o meu filho levar a primeira vacina da tosse convulsa quando o ficou internado com tosse convulsa. Foram três semana de sofrimento. Já passaram 7 anos, mas não consigo esquecer o sofrimento, aflição que o meu filho passou.
    Sim, para o bem, vacinem os vossos filhos.

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