nos meus tempos de terapia falávamos muito nisto: esta minha ideia de que as relações eram perfeitas, sem puns nem idas à casa de banho, sem dias menos bons e os maus nem pensar. aqui, neste estranho mundo das coisas em que pensamos, construi essa barreira. o outro podia estar doente, preocupado, com cheiro de final do dia, ou uma neura impossível de aturar. eu existia – também, para apoiar. aqui, neste estranho mundo das coisas em que pensamos, eu não podia nada disso, apenas o melhor de mim. caso contrário, que interesse teriam em mim? atenção, em defesa dos meus amores passados, que guardo em gavetas cheirosas e arrumados com muito carinho, nunca me fizeram sentir isso. eu construí essa ideia e esse enorme muro que afastava as pessoas do meu mundo mais íntimo.
não mudei. continuo a ser uma insegura perante um vómito ou uma diarreia. continuo a não perceber porque raio alguém gosta de mim nos dias em que sou apenas uma chata. não mudei mas uma coisa mudou: eu sei que a vida com o Pedro existe mesmo nos dias maus e menos bons, naqueles em que me sinto a menos interessante e atraente das criaturas. é o Pedro que procuro mesmo quando me dói a barriga ou não me apetece dizer nada. é o Pedro que quero nas noites em que só me apetece dormir. é o Pedro porque sou apaixonada nas manhãs à pressa, cheios de sono e mau humor. é ao Pedro que confesso os meus medos e lhe peço que fique comigo sempre.
bom dia.
foto: Marta Dreamaker
És tão grande Catarina!!! 🙂
Cada vez te admiro mais, sempre tão verdadeira, crua e sem pudores.
Beijinhos e continuação de tão boas partilhas
És linda Catarina! 🙂
espetacular.
E é tão bom ter um “Pedro” nas nossas vidas
Parabéns pelo texto e pelo blog 😉
us4all.blogs.sapo.pt
Como eu me revejo nessas inseguranças, inquietações e amedrontamentos interiores. Revejo “às vezes” porque existem vezes em que simplesmente estou-me nas tintas para se gostam ou não.
Já tive uma relação que acabou e tenho uma outra que renasceu. Nesta tento não me armar em perfeita e ser simplesmente Eu! E para meu espanto… não é que está a correr bem 🙂
Obrigada Catarina 🙂
Oh pah não há como não gostar de te ler!!!
Eu também tenho o meu ” Pedro” e isso faz me tãoooo feliz! tudo de bom
Adorei o título e eu já fui um bocadinho assim, conheço muita gente assim mas eu já não o sou…
Toda a gente tem gases, diarreia, fica doente, tem dias bons e maus e eu não sou excepção… 😉
Essa é a verdade do amor que só (re) conhecemos com a calma que a maturidade traz. Bjs
Não sei. Não tenho o dom, nem a capacidade de conseguir transmitir com esta lucidez e simplicidade, reflexões sobre a complexidade que nos molda a vida. Fico sempre rendida. Também me identifiquei, sem saberes, às vezes ligas interruptores que acendem luzinhas. Obrigada!
Um grande abraço para ti e para esse grande amigo.
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