Em novembro do ano passado, por duas vezes, quando precisei do meu carro, não fazia a menor ideia de onde o tinha estacionado. Tentava sempre a estratégia ensinada e repetida pela minha mãe: lembra-te das últimas coisas que fizeste. Por muito boa vontade que tivesse, lembrar-me dos passos exatos que dera há mais de duas semanas era quase impossível. Contas feitas, usei o meu carro duas vezes naquele mês. Os meses anteriores não tinham sido muito diferentes. Compensava continuar a ter carro?
Durante a semana não tenho qualquer deslocação obrigatória diária, trabalho em casa (para o bem e para o mal) e tenho os trajetos dos meus filhos para a escola, e da escola para casa, organizados. Quando tenho reuniões, marcadas com antecedência, posso ir a pé, de transportes ou boleia. Para uma emergência – também é preciso pensar nisso – recorro à aplicação Uber ou a um táxi.
Férias e passeios de fim de semana? Casar significou ter outro adulto em casa, mesmo que não seja em permanência. Portanto, existe um carro no agregado familiar para esses momentos de lazer. Logisticamente percebi que era uma realidade possível e que, em termos de custos, significava poupar bastante. Seguro, revisões, as pequenas (e grandes) avarias não programadas, o estacionamento.
Decisão tomada, vendi o carro uns dias antes do Natal. E foi uma sensação de liberdade muito boa. Este primeiro mês correu como tinha previsto: o carro não me faz falta nenhuma. Mas (existe um mas) no domingo percebi que estavam conjugados vários fatores complicados: o carro do agregado familiar está com o meu marido que está fora, a minha mãe (que poderia emprestar o carro dela) também não estava, e tinha uma festa de aniversário importante em Alcabideche, perto de coisa nenhuma, e num horário complicado em termos de logística com a recolha dos meus filhos.
O Ricardo Martins Pereira (que também não tem carro e cuja descontração perante esse facto foi decisiva para a minha decisão) já me tinha falado do car sharing e eu decidi que era o melhor momento para experimentar. Já tinha descarregado a aplicação e enviado uma foto da minha carta de condução e do meu cartão de cidadão e (supostamente) estava pronto a usar. Importante: não é necessário ter um cartão de crédito. Quando abri a aplicação para saber se existia algum carro por perto, as notícias foram as melhores: 67 metros. Fiz a reserva na aplicação e saí de casa. Procurei e nada de carro. Era bom de mais para ser verdade… Liguei para a assistência a cliente que, de forma imediata, me explicou que tinha existido um pequeno problema com a localização e estava na rua acima da indicada. Carreguei em “abrir portas” e estava dentro do carro, onde estão as chaves. Iniciei a minha viagem às 15h, terminei perto das 20h e andei quase 80 Km. Quando estacionei o carro (com as chaves lá dentro, o que me fez alguma confusão) e avisei na aplicação que tinha terminado viagem recebi imediatamente um e-mail com o valor: 29,90€ (este preço inclui o combustível utilizado). A ideia é recarregar no multibanco o serviço para ter crédito para as utilizações. Eu, como não tinha feito nenhum carregamento, terei agora que fazer até poder usar novamente o serviço.
Compensa ter carro? Para mim, e com todas as hipóteses alternativas de deslocação que já aprendi que existem, já percebi que não.
Ora aí está uma excelente decisão! Não havendo necessidade, é uma óptima forma de cortar despesas. Mas pelo menos um por agregado dá jeito, e com crianças ainda mais.
O Pai,
http://www.soupai.pt
Excelente decisão! A mim olham-se sempre como um bicho estranho por ser a única pessoa da minha idade a andar de transportes públicos. Eu gosto tanto do tempo que “ganho” para mim, do facto de poder ler, pensar, olhar pela janela, sem stress de trânsito, portagens, estacionar…
Desconhecia tal coisa…
Muita bom!
Estou a pensar em fazer o mesmo e o post foi uma boa influência! Depois de ter encontrado o meu instrutor de código de manhã no transito a andar de bicicleta, parece-me que o universo está definitivamente a conspirar nesse sentido.
Engana-me que eu gosto.
Só temos um carro talvez há 5 anos! e vivemos muito bem assim! uso o carro todos os dias para as levar ao colégio, mas é mesmo só isso.
a minha rotina vai alterar dentro de pouco tempo… vou começar a precisar do carro todos os dias… espero não passar a sentir necessidade de mais um carro no agregado!!
beijinhos e boas escolhas!
Essa opção é excelente, embora só seja viável em cidades como Lisboa e Porto.
Infelizmente quem vive na província não tem outro remédio.
Olá Catarina! Nós não temos carro. Quando nos mudamos para o Canadá ainda consideramos pois tivemos propostas muito interessantes, porém quando analisamos com o preço de garagem e de seguro, achamos que ficaria uma despesa abusiva (uma vez que o seguro é bem caro!).
Entretanto descobrimos o Car Share. Utilizamos desde o ano passado. É PERFEITO *.* Temos várias empresas de car sharing na nossa cidade, bem como várias modalidades tanto de carro de dois lugares como maiorzinhos!
Tomaste a decisão certa sem dúvida, se te sentes melhor. Nós estamos felizes!
Recentemente deixei também o telemóvel. E já tinha deixado a televisão e o microondas há um ano… Sou muito feliz e tenho muito mais tempo… 🙂
Foi bom encontrar o teu blog! Um beijinho e até breve!
Fátima Teixeira
http://www.musicacomcafe.net
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