férias pagas

férias pagas, para todos

Agosto aproxima-se e tenho que decidir entre fazer férias com os meus filhos, deixar o computador em casa e, por isso, ter gerir um orçamento mais limitado em Setembro, ou continuar a trabalhar e prescindir das férias. Leva o computador, sua preguiçosa!

Falamos de férias como se fosse algo fútil. Assim como se o descanso fosse um favor que nos fazem, tipo milagre ou miragem no final de meses de trabalho.

Sabemos, aliás, que é assim com quase todos os direitos que envolvem “não trabalhar”, como a redução do horário de trabalho com filhos pequenos, ou dias de assistência à família. Há qualquer coisa que nos faz sentir desconfortável e murmurar “desculpe, mas vou ter que sair”.

Lembro-me do dia em que, no primeiro emprego que tive depois de ser mãe, avisei que teria de sair mais cedo para ir com o meu filho a uma consulta. Pedi “desculpa” várias vezes por ter um filho, por o meu filho ter ficado doente, e talvez ainda por o meu filho ter ficado doente a horas tão impróprias. Lembro-me da angústia de os ver a revirar os olhos e suspirar. Lembro-me até de pensar “vai ser por isto que não ficam comigo depois do período de experiência”.

Esquecemos-nos que descansar faz parte do trabalho. Não (apenas) para nós, isso é incontestável. As férias dos trabalhadores são essenciais para a sua entidade patronal, porque produtividade e descanso são faces da mesma moeda. As férias garantem os níveis de rendimentos para os quais somos pagos (mal pagos, bem sei, em muitos do empregos). É essa a razão pela qual as férias são pagas. E é essa a razão pela qual defendo que todos os trabalhadores deviam ter direito a subsídio de férias (assim como a subsídio de desemprego, mas essa é outra conversa).

Com regras, evidentemente, mas subsídio de férias para todos. Férias pagas! Quem trabalha a recibos verdes sabe do que falo. Esta escolha complicada entre parar e não receber, ou levar o corpo ao limite do cansaço. A ausência de férias é a melhor forma de garantir um mau trabalho. E se nos preocupamos tanto com a produtividade do país, pensemos nisso.

 

Férias pagas!

7 comentários em “férias pagas, para todos”

  1. Olá, bom dia!
    Costumo seguir, mas não costumo comentar. mas hoje, porque também sou "atingida", há cerca de 10 anos, pelo flagelo dos recibos verdes, tenho de o fazer. Não é apenas o "pedir desculpa" por o filho estar doente,(essa é a parte mais difícil) é também nós próprios não nos podermos dar a esse "luxo", porque isso significa não receber…. e se nós não estamos bem, como podemos estar bem para os outros, o descanso não é um luxo, é uma necessidade, tal como a saúde…mas isso, para quem inventou os recibos verdes, não tem importância…BOAS FÉRIAS! da melhor forma que conseguir….

  2. Gostei muito deste texto, reflete-se aqui o pensamento de quem já trabalhou a recibos verdes e com as possibilidades bem curtas no que toca a tomar a decisão de tirar ou não férias.
    Obrigada.
    [é um diário público e isto é serviço público]
    Carolina Melo

  3. Olá bom dia!
    Eu acho que nunca comentei, mas desta vez tem de ser para, e se me permite, a corrir.

    Eu não gosto da expressão "ferias pagas" ou seja, que recebemos um subsidio de ferias, que é algo extra a que se tem direito.
    Desculpe lá, mas o salario dum trabalhador é anual pois ele paga imposto e faz IRS sobro o valor anual, nao é verdade? O que acontece em Portugal é que as pessoas estão habituadas a divir o salario por 14 vezes e depois recebm 2 vezes em periodos de ferias e outras 2 vezes no Natal.

    Não gosto da ideia que passam que os subsidios são EXTRA, e que foi precisamente com essa "idea" que o estado lembrou-se de os tirar aos funcionarios e reformados e afins.

    Eu cresci em PT, e sei o jeito que dava aquele dinheiro extra nas ferias ou no natal; quase sempre para pagar contas extra ou um presente de natal pelo qual se esperou o ano todo.

    Mas eu hoje moro na Suiça e o meu salario anual é dividio em 12 vezes. A diferença é que eu tenho de gerir o meu orçamento para poder ter dinheiro para gastar em ferias ou Natal (e o belo imigrante gasta rios pois quando regressa a Portugal gasta o que nao gastou o ano todo… acreditem que PT esta muito caro – só vou mesmo pela familia)

    Isto tudo para dizer, e se me permite a correcao, não sao ferias pagas ou subsidios extra, mas são parte do meu salario anual que a lei (ou lá quem decidiu) dividir por 14 vezes e não doze. Este é o mindset e way of life que existe em PT : temos sempre um dinheinho extra para ferias! no entanto, nao é extra, é sim parte do meu trabalho de todos os meses que por sinal até me dá jeito que venha para gastar na férias!

    Beijinhos e muitas felicidades!
    Carmen

  4. Concordo a 100%, sempre que o meu filhote fica doente ( e felizmente tenho quem fique com ele)e tenho que pedir para sair mais cedo ou chegar tarde a ver se a febre baixa, sinto sempre aqueles olhares e não só por parte das chefias o colegas também não ajudam. Lembro-me que fiquei doente uma vez e o médico quase me obrigou a ficar 2 dias de baixa, parece que estava um crime ter que faltar e ainda ouvir certas bocas de que tb queriam ficar doentes…. Enfim um desabafo…. Para além de ter sido despedida com 9 meses de gravidez (renovação de contrato)
    Este nosso Portugal não está a pensar nos pais.

  5. Pois, como entendo. Não abdico das minhas férias, são sagradas! Se felizmente não tenho grandes problemas orçamentais para as férias, a verdade é que sua redução em dias me faz sofrer horrores. Assim, não há motivação que aguente.
    Mas parece que é assim que vamos tirar o país do charco…

  6. Tira nem q seja só uns dias, uma semana, para libertares a cabeça, buscares novos níveis de criatividade e energia. O teu corpo e mente vão agradecer e os teus filhos e marido tb! Eles precisam um bocadinho de ti a 100%! <3

  7. Pingback: trabalhar nas férias? - dias de uma princesa

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