sobre acreditar

sobre acreditar, ou deixar de acreditar.

queria ter escrito ontem mas a verdade é que entre os putos, o sono e a necessidade de estar com o Pedro, mesmo que pouco tempo mas sem pensar em mais nada, não deixaram muito tempo para ligar o computador. mas este post estava a meio, com os carácteres alinhados e vontade de ser escrito.

fez ontem dois anos que conheci o Pedro. há dois anos [e um dia], depois de uma manhã de neura, escondida debaixo do edredon e com o meu telemóvel novo “morto” numa caixa de arroz, fui a pé até ao Príncipe Real. encontrei dois amigos que tinham feito esta tábua com a frase “a vida resolve-se sozinha”. gozámos com os direitos de autor e com os livros de auto ajuda. fomos beber um imperial com mais amigos e a neura foi passando. estava entre gargalhadas nessa tarde quente de Maio, depois de uma manhã de neura, com um telemóvel antigo mas que funcionava, quando recebi um pedido de amizade no facebook. o rapaz era giro, espreitei todas as fotos e aceitei. na verdade aceitei-o para a vida [mas só uns dias depois].

 sei que neste exacto momento há muitas miúdas [somos miúdas para sempre, tenhamos 20, 40 ou 70 anos] que deixaram de acreditar na sua história de amor. algumas acham que deixaram de acreditar no amor romântico assim mesmo, na sua plenitude e totalidade, outras deixaram de acreditar que sejam merecedoras da sua história. eu sei que neste exacto momento há muitas miúdas que desistiram, que aceitaram uma situação em que sentem mais ou menos em jeito de protecção, de medo. eu sei que neste momento há muitas miúdas cansadas. porque isto do amor que magoa cansa muito. porque isto do amor romântico no geral cansa porque dá trabalho.

há dois anos eu estava terrivelmente cansada. tinha deixado de acreditar na minha história, tentando não achar que a culpa das coisas não resultarem era minha e deste jeito meio mandão, meio bruto, meio controlador. estar sozinha é uma forma feliz de existir. pode aliás ser a forma mais feliz de existir. mas sem culpa, sem remorsos, sem vazio. há dois anos, depois de muitas raivas, muitas lágrimas, muitas angústias, estava sozinha e serena. e eu acho que estar serena é a base para ser feliz.

e também acredito que foi essa serenidade que me permitiu receber o Pedro.

eu sei – porque duvidei da minha história durante mais de 37 anos – que há momentos que deixamos de acreditar.

queria escrever para quem neste momento não acredita na sua história de amor, porque nunca a viveu, porque se desiludiu, porque a perdeu. a vida às vezes faz-nos surpresas. surpresa bem boas. e convém estarmos serenas para vermos.

era só isso. bom dia.

 

25 comentários em “sobre acreditar, ou deixar de acreditar.”

  1. Identifiquei me completamente, eu tenho uma Madalena, é mesmo verdade que a vida nos reserva surpresas bem boas! E surgem sempre nos momentos mais serenos e mais tranquilos da nossa vida .

  2. Pingback: sobre acreditar, ou deixar de acreditar. - Baby Blogs Portugal

  3. Parece encomendado para mim este texto, hoje é o meu aniversário e senti como se fosse um presente, obrigada 🙂

  4. Tânia Ferreira

    Tão bom de ler, perceber que por vezes existem miúdas a sentir o mesmo que eu! Com receios, medos e vírgulas… Naquilo que afinal não é mais que um caminho, um caminho ( hoje nosso) que tem altos e baixos e por algumas partidas da vida nos faz por em causa, parar e pensar, às vezes demais.
    Parabéns e continue a ser feliz!

  5. Teresa Batista

    Tenho 41, já vivi O AMOR da minha vida… E já fui muito apaixonada também, mas o meu feitio ‘eu é que sei’ ou as coisas ‘acabam sempre por ser à minha maneira’ levaram-me à decisão de estar sozinha. Ter paz é fundamental para mim e neste momento isso vem acima de qualquer outra coisa.

    E a minha dúvida é se podemos ter a sorte outra vez de encontrar um amor para a vida!

    A mim costumam-me dizer que eu acredito em ‘Contos de Fadas’… E a verdade, é que eu acho que acredito mesmo…

    Mas o tempo passa, nós envelhecemos e o medo… as dúvidas… acabam por estar sempre presentes.

    Parabéns Catarina pela tua história, é linda e vocês merecem toda a felicidade do mundo.

  6. Como a entendo e me revejo em cada palavrinha que escreve…
    É tão bom perceber que não sou uma pessoa “anormal”, que existem mais mulheres a sentir e a pensar o mesmo que eu…
    Melhor ainda é perceber que podermos acreditar que existem surpresas boas e que só temos que esperar serenamente pela chegada desse momento 🙂

  7. Catarina sou um fã do seu blog e já há muito que queria iniciar o meu, contudo estou com algumas dificuldades poderá ajudar-me?

  8. Mercearia Magina

    “e eu acho que estar serena é a base para ser feliz.”
    Concordo contigo Catarina. É a base para estar feliz mas também para aceitar e receber o que a vida nos traz. Bonita história! 🙂

  9. Obrigada Catarina! Revi-me em cada palavra sua. Hoje estou serena e em paz, mas já tive um tempo muito complicado. A vida resolve-se sozinha! Parabéns pela sua linda história 🙂

  10. Mais do que nos lermos em espelho é percebermos nas palavras dos Outros a felicidade que emanam.
    O amor, esse país construído a dois em nós, e a serenidade que traz desfruta-se tanto melhor quanto mais paz houver e por vezes a paz vem depois das paisagens de dor por que passamos.
    Este amor em vós é bonito de se ler. Chega para lá dos caracteres, das linhas. Para lá de todas as dores e medos.
    Que continue a vir e a crescer em vagas.
    Parabéns aos 2.

  11. Encaixa perfeitamente! Obrigada pela partilha ❤️ Já agora, estou a adorar o livro sobre a tua gravidez! Vai ajudar-me nos próximos meses 🙏🏼😘

  12. é só princesas serenas e solitárias! a vida não se resolve sozinha, façam por isso, lutem por aquilo que querem, não fiquem à espera que o principe apareça montado no seu facebook azul para vos resgatar dessa vida serena.

  13. Catarina,

    as tuas palavras colocam-me um sorriso na alma.

    Daqui a 4 dias faz também dois anos que conheci o ‘meu’ Pedro. (Curiosamente na mesma app)

    A sintonia e a cumplicidade foram arrebatadoras.
    Duas semanas depois conhecemo-nos pessoalmente e começamos a namorar no próprio dia.
    Um mês depois já conhecíamos a família um do outro.

    Acredito que existem sentimentos que não podem ser compreendidos.

    Tinha passado por um período de muita mágoa um ano antes, pela perda da minha mãe que também coincidiu com o término de uma outra relação.

    E lá estava eu numa sexta feira de junho, serena e em paz, quando o Pedro apareceu na minha vida.

    – Ainda bem -mesmo- que a vida nos reserva estas surpresas boas.

    Beijinho e felicidades!

  14. Ler este post deixou-me com a lágrima no canto do olho…
    Tenho uma história para contar, a minha:

    Então é o seguinte: era uma vez uma Raquel e um Grande Amor que viviam um namoro aparentemente perfeito. Um dia esse Grande Amor foi colocado em São Tomé e Príncipe para dar aulas e a Raquel foi a primeira pessoa a apoiá lo e ele lá foi. Em Dezembro ele veio passar umas férias e tudo parecia continuar perfeito com a promessa de que a Raquel iria lá passar as férias da Páscoa com ele. E no dia 3 de Janeiro ele partiu novamente. No dia 26 de Janeiro depois de uma aula de Pilates, a Raquel recebe uma mensagem do Grande Amor a dizer que estava tudo terminado e nunca mais conseguiu contacta lo. No dia 24 de Março, de cabeça perdida, a Raquel comprou uma viagem para São Tomé e Príncipe para o dia 29 de Março. Já nesse dia e no avião, a Raquel avisou o Simão de que estaria a caminho de São Tomé. Passadas 8h30 de viagem a Raquel finalmente chegou a São Tomé e Príncipe de mochila às costas. E não, nao tinha ninguém para a receber. Estava completamente sozinha e sem comunicações num país de terceiro mundo. A Raquel apanhou uma carrinha ate ao hotel e passadas 2h o Grande Amor apareceu. Nem 1h esteve com a Raquel e disse lhe apenas que nao a queria arrastar neste sonho dele. No fim deram um abraço e, entre lágrimas, a Raquel foi embora a correr para dentro do hotel. Passou lá os outros 2 dias sozinha até apanhar novamente o aviao para Portugal no dia 1 de Abril. Desde o dia 29 de Março que a Raquel já nao tem notícias do Grande Amor.

    Agora, tudo o que a Raquel quer é paz, tranquilidade e serenidade…

    Um grande beijinho e obrigada por me fazer companhia

  15. Não acredito em coincidências, e ler este post deu-me uma certa certeza que tudo vai correr bem. Deixar de acreditar no amor foi o que me aconteceu estes últimos dias, depois de anos a fio de desilusões e esperanças na pessoa errada, caiu-me a ficha. Pensei que ia morrer quando esse dia chegasse, mas na verdade estava à espera dele há muito tempo. Um dia em que o sentimento morre, e finalmente te focas em ti.. sim anos que deixei de me focar em mim para dar o meu melhor a alguém que apenas “pegou” na minha pessoa e “esfanicou” a minha alma, sem remorsos e sem culpabilidade.
    Pronto e era isso… amor próprio é tão importante…

  16. Obrigada.
    A vida tem um jeitinho muito especial de nos dar aquilo que precisamos, quando já não acreditamos que é possível, não é?
    “a vida resolve-se sozinha” 🙂 é muito isso!
    E gratidão. É importante sermos gratos pelo que temos.
    Beijinhos e boa história de amor!

  17. As histórias e a esperança também têm o peso da idade de cada um.
    Aos 30 magoamo-nos, mas temos a vida toda pela frente para nos renovarmos noutro amor.
    Vivam a vida sem demora porque daí a 15 anos já as histórias e a esperança mudaram de cor, tornam- se amareladas

  18. fazendocaminho.blogs.sapo.pt

    a trabalhar muito, muito para aceitar e chegar a essa serenidade necessária para a vida boa (independentemente se voltará a haver este tipo de amor na minha vida) e neste momento a andar para trás e tão angustiada … ufff que cansada que estou dos meus dias serem “cuesta arriba”

  19. Olá! eu fui mãe e casei aos 19 anos pouco consciente do que estava a fazer mas pronto…era o que queria na altura e o arrependimento neste momento nao me serve para nada. Entretanto as coisas nao corriam bem; o bebé eu dava conta, agora do resto…nao foi facil habituar me a dividir o meu espaço com alguem que até ontem tinha sido meu namorado, acho q isso foi mais dificil para nos do que sermos pais.Divorciamo-nos em 2011 sem grandes dramas ou alaridos. Mas no fundo senti que falhei…para todos os efeitos o meu ex e o meu filho eram a minha familia e senti que, apesar de ser atitude certa, ate porque ninguem era feliz, parece que ficou algo para trás…enfim…perdi o meu pai no anp seguinte e foi o colpe mais duro da minha vida e entrei numa espiral depressiva que me levou a uma anorexia severa e a correr risco de vida. Nao queria viver, mas tb nao queria morrer…estranho isso, nao queria sentir o q estava a sentir, nao queria ter medo disso, sentia me imensamente culpada por não ter levado o meu Pai a todas as clinicas possiveis, talvez tivesse havido solução…mas nao deu tempo, foi tudo muito rápido…o meu processo de luto foi muito doloroso e fechei me para a s pessoas e para a vida, so acordei quando o meu filho me disse “mãe, ja fiquei sem o avô não quero ficar sem ti” 💔 isso foi o click! Tomei uma atitude e decidi procurar ajuda! Tinha q recuperar o meu EU! Durante o tempo de recuperação reaproximei me dos meus amigos e lá estava ele…o meu “salvador”, quem não me deixou desistir, quem me acompanhou a toooodas as consultas, quem me deu força e me mostrou que era possivel ser feliz! Estamos juntos á 3 anos e temos uma filha linda de 6 meses q juntamente com o irmão são a minha vida!

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