Carolina Patrocínio

Inspiração: “Até à ecografia da confirmação não estou grávida para ninguém, só para mim.”

No dia em que Carolina Patrocínio soube que estava grávida do segundo filho, guardou a novidade para ela como um segredo do qual só voltaria a lembrar-se semanas depois. A atitude não foi novidade: quando soube que estava grávida pela primeira vez, de Diana, dois anos antes, fez exactamente o mesmo. “Sou super naturalista e, para mim, uma gravidez tem que ter alguma viabilidade. Se fosse como antigamente, as pessoas nem saberiam que estavam grávidas até às oito semanas, não fosse esta paranóia dos testes da farmácia que, com três, quatro semanas, dão certezas. Vivo de forma mais natural possível até ter a confirmação: não abdico de rigorosamente nada, não faço nenhum ajuste, esqueço-me. Só depois de fazer o teste da farmácia e de ir ao médico e ele me confirmar que estou de dois meses, dentro do útero, tudo bem, é que eu conto ao meu marido. Portanto, tanto da Diana como desta o meu marido soube já com uma ecografia oficial”, diz.

A novidade-segredo passa a ser real nesse dia. “A partir desse momento, estou grávida para o meu marido e para pouquíssimos membros da minha família: digo apenas às minhas irmãs e aos meus pais. Só a partir dos três meses é que começo a contar às amigas mais próximas. Desta segunda gravidez, este período foi mais longo, só contei quando já estava de 18, 19 semanas. Estive os primeiros três, quatro meses muito tranquila, sem ninguém saber”, conta.

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Carolina leva a gravidez como a coisa normal que é. Mantém os hábitos de treino, redobra os cuidados com a alimentação. Na carteira, carrega snacks para ir comendo ao longo do dia de maneira a evitar um apetite descontrolado nas refeições principais. Ovos cozidos, iogurtes, uma peça de fruta, cenoura crua e queijinhos são coisas que recheiam o seu “mini-frigorífico” portátil. “Tenho mais cuidados porque não sou muito regrada e como, treino bastante, não sinto muita necessidade disso. Durante a gravidez, sou acompanhada por uma nutricionista, tento fazer as pesagens frequentes e mais snacks ao longo do dia, coisa em que peco quando não estou grávida. Um a meio da manhã, dois ao longo da tarde. O dia pode ser longo, não posso esquecer-me de comer e gosto de chegar às refeições sem demasiada fome”, explica.

Quanto ao treino, os primeiros três meses de gravidez são levados como se de dias normais se tratassem. “Sei que grande parte das mulheres grávidas opta por ter os três primeiros meses como os de maior recato. Eu penso exactamente o contrário: acho que até aos três meses, uma pessoa deve quase esquecer-se de que está grávida, fazer a vida normal. Um bebé que seja forte e que esteja bem e saudável vai vingar. Obviamente nesses primeiros três meses não faço uma coisa absolutamente fora do normal mas não deixo de fazer nada”, assinala. Os cuidados com o treino e com a alimentação valeram-lhe oito quilos a mais na gravidez de Diana, que espera igualar nesta segunda.

Um dos principais apologistas da manutenção do seu estilo de vida é o médico que acompanha Carolina durante a gravidez: escolhido por ser o especialista que já acompanhava a irmã mais velha da apresentadora de televisão, Carolina assegura que o médico “é muito descontraído” e incentiva-a a uma “vida normal”. “Deixa-me treinar mas, obviamente, vai-me fazendo algumas chamadas de atenção principalmente nesta segunda gravidez: é diferente estar grávida já tendo um bebé em casa, os tempos de repouso são menores. Se antigamente eu chegava a casa às 19h e atirava-me para cima do sofá ou tomava um banho de imersão, agora isso não acontece porque tenho que dar banho, jantar, um dia mais cheio até mais tarde“, diz. No entanto, Carolina acredita que é sobretudo uma questão de atenção: “Essencialmente, ouvir os sinais do corpo e repousar quando é preciso“. “Não me sinto mais cansada mas com o dia mais intenso, tenho menos tempo para mim e para pensar nesta gravidez, o tempo está a voar. Estou de sete meses e parece que ainda agora anunciei que estava grávida. Vive-se com um bocadinho menos encanto: na primeira gravidez é tudo novo, cada dia é um dia, lembro-me de contar os dias para ir às ecografias, e agora tenho que escrever na agenda e programar alarme para me lembrar. Espero trabalhar e treinar até ao fim da gravidez”.

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Sofia Serrano, médica ginecologista e obstetra, explica que a intensidade com que uma grávida deve praticar exercício físico depende da situação física da mãe. Mas acredita que, para as mulheres que não fazem exercício, a gravidez é a altura ideal para começarem a prática mais regular. “O exercício é benéfico para a gravidez, tanto para a grávida como para o bebé. Quem já tem hábitos de exercícios prévios, pode mantê-los, desde que não haja nenhuma complicação decorrente da gravidez. Os desportos mais aconselhados são natação, ioga, caminhada, Pilates. No entanto quem pratica outros como musculação ou treino mais intensivo pode continuar, com alguns ajustes, se se sentir bem e se não houver contra-indicação médica. À medida que a gravidez avança e a barriga cresce, muda o centro de gravidade do corpo e é necessário ir adaptando os exercícios para minimizar risco de quedas, e diminuir o impacto”.

É isso que Carolina conta: no meio do treino, em prancha, confessa que manter a posição “começa a ser complicado”. “Até há três semanas treinei sem quaisquer limitações em termos de impacto ou intensidade. Agora, começo a pouco e pouco a adaptar os exercícios ao crescimento da barriga e do bebé”, diz, assegurando que as reacções dos seus seguidores nas redes sociais estão bem mais repartidas do que durante a primeira gravidez de Diana, quando sentiu uma “enorme desinformação” das pessoas em relação à prática de exercício físico durante a gravidez.

“Obviamente eu não ando a apregoar a mensagem de que toda a gente tem que treinar: as pessoas devem treinar treinar mediante as suas necessidades e estilo de vida. Uma pessoa que tenha feito pilates a vida inteira, ficando grávida não deve pensar em fazer uma maratona. O importante é manterem-se activos”.

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entrevista: Mariana Barbosa

fotografia: Pau Storch

agradecimento ao Infante Sagres Health Club, que cedeu o espaço para a realização da entrevista e das fotografias.

* “inspiração”
Movimento pelo qual se leva o ar aos pulmões;
Ideia ou pensamento que surge de repente; estro.
Insinuação, conselho.
Coisa inspirada.

in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa

 

8 comentários em “Inspiração: “Até à ecografia da confirmação não estou grávida para ninguém, só para mim.””

  1. Não tenho nada contra os hábitos de pessoas saudáveis, antes pelo contrário. Por mim tudo bem, não me aquece nem arrefece.
    Mas isto: “Um bebé que seja forte e que esteja bem e saudável vai vingar. ” Então se o bebé não forte e não for saudável não vale a pena? Se o bebé tiver um problema não interesse que não “vingue”? Estas atitudes de pessoas que se concentram e giram as suas vidas à volta do corpo, de alimentação e de desporto… Acham que quem não é assim não vale a pena?
    Pois, e depois dizem que não há fundamentalismos.. Está bem.

    1. Boa noite Rita.
      Hesitei várias vezes em responder ao seu comentário, com medo de ser mal compreendida, tal como a Carolina foi, a meu ver, nas suas palavras.
      O que ela quis dizer com a frase: “Um bebé que seja forte e que esteja bem e saudável vai vingar.”, e mais uma vez a meu ver, é que se não há qualquer tipo de problema com o feto não há necessidade de parar com a prática de exercício físico, apenas ajustar o tipo de exercícios praticados. É óbvio que se se tratasse de uma gravidez de risco e o médico a aconselhasse a parar de fazer desporto ela ia fazê-lo, e acho que posso “falar por ela” pois penso que seria essa a sua opção.
      Não quero ser mal interpretada, até porque não é meu costume responder a comentários, só achei que a sua interpretação das palavras da Carolina não foi a correcta 🙂
      (atenção que eu não conheço a Carolina, apenas a admiro como profissional)

      1. Olá Rita.
        Percebo o que quer dizer, mas eu interpretei a Carolina de outra forma.
        Tenho uma amiga que, não sabendo que estava grávida (menstruação aparecia normalmente), fumou, bebeu álcool, saiu à noite, deitou tarde, pegou em muitos pesos e até tomou antibióticos. Só aos 4 meses, devido a uma gripe, fez análises e descobriu que estava grávida. O bebé nasceu perfeitinho, forte e saudável.
        Eu também estive grávida mas abortei naturalmente às 11 semanas, uma semana antes do meu aniversário. Não fiz nada de especial, antes pelo contrário, até adaptei o meu treino à nova condição.
        Explicação para isso? São muitas, raramente sabemos o que exactamente causou isso. O que nos dizem, e com muita razão, é que o feto não seria forte e saudável e o meu corpo rejeitou-o. Um médico disse-me na altura que, se o feto não tiver de vingar, não podemos fazer algo contra, por isso devemos fazer a nossa vida normal ainda que sem exageros (o que para nós pode ser um “exagero”, para a Carolina é a normalidade. O corpo dela, o organismo dela, responde normalmente aos que é requisitado dele).
        É este “forte e saudável” que eu interpreto. E acho que a Carolina tem toda a razão.

  2. Adoro!
    Estou grávida de 5 meses e continuei no Pilates e caminhadas como antes. Adapto agora mais os exercícios porque a barriga está grande mas sinto-me lindamente. 3Kg a mais até agora mas isso não o mais importante. O essencial é que me sinto bonita, mulher e saudável.

  3. Pingback: Inspiração: a recompensa do exercício é olhá-lo como dia de folga - dias de uma princesa

  4. Foi uma entrevista à Carolina também neste blog ou nas Dietas das Princesas que me fez dar o passo de ir regularmente ao ginásio
    Eu não sou fã da Carolina profissionalmente, não a sigo no Face ou instrangram. Nada!
    Nessa entrevista ela disse algo como, o exercício para mim é uma recompensa que dou ao meu corpo (não foi isto mas foi parecido)
    E essa frase ficou. E repito-a muitas vezes para mim
    Nem sempre apetece, às vezes é mesmo uma terrivel luta interior. Ainda por cima agora no Inverno que anoitece tão cedo
    Mas é a minha recompensa 😉

  5. Ana Filipa Oliveira

    Que bom que há gente que se consegue manter activa antes, durante e depois da gravidez!
    Faço parte de outro clube. Mas cada tem o seu estilo de vida, e isso é da conta de cada um.
    Gostei muito de ler este texto e ver as fotografias. Ambos mostram uma naturalidade espectacular!

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